Namorados: Assine Digital Completo por 5,99
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Trump pode deportar bandidos venezuelanos e militantes pró-Hamas?

Já está dando briga na justiça: presidente pediu até impeachment de juiz que bloqueou transferência de quadrilheiros para El Salvador

Por Vilma Gryzinski 19 mar 2025, 07h04

O stress entre o governo de Donald Trump e o sistema judiciário está aumentando – e vai aumentar ainda mais. Na raiz do problema estão iniciativas altamente sujeitas a intervenção de juízes, como a heterodoxa deportação de criminosos venezuelanos para El Salvador, produto de um acordo para mantê-los sob guarda no sistema prisional local, famoso pelas restrições. É uma briga daquelas.

Um juiz – “lunático da esquerda radical”, na definição nada diplomática de Trump -, mandou suspender a transferência, mas o governo alega que o avião já estava a caminho. O juiz James Boasberg pediu detalhes da operação e Trump respondeu propondo o impeachment de alguém que “não foi eleito presidente, não ganhou o voto popular, não ganhou nada”.

Obviamente, juízes não precisam do voto popular, mas Trump quer ganhar o jogo na arena política, sabendo que no tribunal da opinião pública fica difícil defender os 238 criminosos tatuados despachados para El Salvador, contra um pagamento de seis milhões de dólares.

A justiça tem que pairar acima das paixões políticas, mas nem sempre isso acontece, como sabemos muito bem.

É uma briga boa pelos mesmos motivos que mobilizam as forças jurídicas e a opinião popular em qualquer país a respeito dos direitos dos criminosos.

Continua após a publicidade

‘E SE FOSSE O CONTRÁRIO?’

Também vale a pena tentar pairar acima das paixões viscerais provocadas por um outro caso, o do palestino Mahmoud Khalil, um dos líderes das manifestações que exaltavam o Hamas em Columbia, a universidade que deveria ser um dos sustentáculos da civilização, mas se deixou envolver nos protestos de ódio a Israel e aos judeus.

Detalhe importante: não existem leis proibindo odiar quem quer que seja e as atitudes de Khalil, portador do green card, podem ser entendidas como manifestações de opinião protegidas pela sacrossanta Primeira Emenda. O visto, de qualquer natureza, obviamente pode ser cancelado, é uma prerrogativa do país que o fornece.

Mas defender o direito de manifestação mesmo, ou principalmente, daqueles que expõem os mais odiosos pensamentos faz parte dos fundamentos da democracia – inclusive pelo princípio frequentemente esquecido do “e se fosse o contrário?”.

Continua após a publicidade

O caso de Khalil envolve outros estrangeiros que vão estudar nos Estados Unidos e se tornam militantes agressivos da causa do Hamas. Ou do Hesbollah, como no caso da médica libanesa Rasha Alawieh, detida e deportada ao chegar aos Estados Unidos. Em seu celular, havia várias fotos de Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah que Israel despachou para o plano superior – as fotos haviam sido deletadas, mas foram recuperadas.

Astutamente, a médica nefrologista, contratada para trabalhar num hospital americano, disse que não queria “dar a impressão” de que apoiava Nasrallah “politicamente ou militarmente”. Apenas o considerava como líder religioso. “Seus ensinamentos são sobre espiritualidade e moralidade” alegou.

É de uma cara de pau inacreditável. Mas lembremos as opiniões mais repulsivas também estão protegidas pelo direito à livre expressão.

Continua após a publicidade

FALA O SUPREMO

“Praticamente não existe quem eu não queira expulsar, mas, a não ser que tenham cometido um crime, isso não é uma violação da Primeira Emenda?”, tuitou Ann Coulter, considerada uma besta fera da direita.

A discussão interessa a todos os que fazem parte do debate sobre livre expressão. Mahmoud Khalil terá muitos defensores, além da vantagem de um filho a caminho com a mulher americana. Às autoridades do governo, competirá provar que ele cometeu atos de antissemitismo caracterizados como criminosos que vão além da manifestação de opinião.

O caso dos quadrilheiros venezuelanos é mais complexo. Trump invocou a Lei de Estrangeiros Inimigos, válida em casos de guerra. Os bandidos da organização criminosa cometem “atos hostis contra os Estados Unidos” e agem “em conjunto com o Cartel de Los Soles, o empreendimento narcoterrorista patrocinado pelo regime de Nicolás Maduro”.

Continua após a publicidade

Ao estabelecer uma ligação entre o Trem de Arágua e o regime venezuelano, o governo Trump adicionou uma dimensão política ao caso. Sem falar na proposta de impeachment do juiz, um ato que só pode ser aprovado pela Câmara e pelo Senado e que já teve uma importante manifestação de John Roberts, o presidente da Suprema Corte: “Por mais de duzentos anos, foi estabelecido que o impeachment não é a resposta apropriada para discordância referente a uma decisão judicial. O processo de recursos existe para isso”.

Foi uma pancada em Trump, mas a briga vai durar bastante tempo. O novo desdobramento foi a decisão de outro juiz que anula grande parte da intervenção comandada por Elon Musk na Usaid, a agência de ajuda externa transformada em cabide de ongs.

O presidente já mostrou que não é da turma “decisão da justiça se cumpre”. Ele vai discutir, sim, e muito.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês*
DIA DOS NAMORADOS

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.