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Trump está fazendo teatro: não vai invadir Panamá ou a Groenlândia

Mas a questão do canal é séria por causa da crescente influência chinesa não só sobre a passagem estratégica, mas em toda a região

Por Vilma Gryzinski 26 dez 2024, 07h57

“Feliz Natal a todos, incluindo os maravilhosos soldados chineses que operam com amor, mas ilegalmente, o Canal do Panamá”, provocou Donald Trump.

O presidente eleito está na pilha: ganhou uma eleição que muitos consideravam impossível e a fila de convertidos aumenta em Mar-a-Lago. Também está aproveitando para fazer teatro, abordando assuntos sérios de forma provocativa. A imprensa antitrumpista compra tudo como se fosse para valer: ele vai incorporar o Canadá como um estado americano, quer comprar a Groenlândia da Dinamarca e o Canal do Panamá está a perigo. 

É claro que não vai acontecer nada disso. De todas as provocações, a que envolve o Panamá é a mais complexa. O canal “é para o Panamá administrar, não a China ou quem quer que seja”, disse ele. A ligação transoceânica, construída no começo do século XX pelos americanos e devolvida ao Panamá pelo presidente Jimmy Carter num processo iniciado em 1977, “é um ativo vital para a economia e a segurança dos Estados Unidos”.

“As taxas cobradas pelo Panamá são ridículas, especialmente levando-se em conta a generosidade extraordinária dos Estados Unidos”, reclamou. Essa “exploração” tem que acabar.

É realmente caro atravessar o canal, especialmente em época de seca (a passagem é feita em água doce). Dependendo do peso da carga, o pedágio pode passar de 400 mil dólares, embora navios americanos tenham várias isenções, dependendo da função. Chega a haver um leilão: quem paga mais, passa primeiro.

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PONTOS PERDIDOS

Trump está tentando compensar uma desvantagem criada pelos próprios Estados Unidos. Durante décadas, o país negligenciou vizinhos próximos e distantes, deixando o campo livre para o avanço dos chineses e seu pacote fechado: construção de grandes obras de infraestrutura ou renovação de terminais já existentes em troca de controle – e empréstimos, claro. No Panamá, são dois portos. No Peru, o novo terminal de Chacao, na boca do Pacífico, dá uma vantagem estratégica extraordinária à China.

Sucessivos governos americanos simplesmente viram essa expansão acontecer nas suas barbas, enquanto perdiam pontos inacreditáveis no jogo geopolítico.

O Canal do Panamá, com seus 82 quilômetros e três eclusas, tem, por motivos óbvios, uma história complicada. Foi construído pelos Estados Unidos, que mantiveram o controle sobre sua área, com um contrato de arrendamento de 99 anos. A devolução de 1977 corrigiu uma injustiça que remetia à época do imperialismo puro e duro.

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Mas facilitou governos corruptos, cinicamente antenados com o discurso esquerdista, como o de Omar Torrijos, que negociou a devolução e morreu num desastre de avião, em 1981. As teorias conspiratórias duram até hoje. Em 1989, os Estados Unidos, sob governo de George Bush pai, invadiram o país para derrubar o narcopresidente Manuel Noriega (que morreu de câncer no cérebro numa prisão americana, em 2017).

“RESTAURAR A ORDEM”

Imaginem um conflito entre China e Estados Unidos e imaginem qual seria um dos primeiros lugares que os chineses teriam interesse em bloquear.

O falatório de Trump, sem um programa concreto para se contrapor ao expansionismo chinês, tem poder zero de mudar a situação. E ainda por cima pisa nos calos de um governo de direita, o do presidente José Raúl Molino, que seria importante como aliado em questões referentes, por exemplo, à Venezuela.

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O secretário de Estado escolhido por Trump, Marco Rubio, tem pelas origens cubanas, um interesse mais próximo na América Latina e também é considerado da linha dura em relação à China. Também é de origem cubana o enviado especial para a América Latina, Mauricio Claver-Carone, encarregado de “restaurar a ordem” na região.

Falar é fácil, mas é quase impossível ver uma reversão da influência chinesa no antigo “quintal” americano. Pragmaticamente, a China atrai governos de todas as tendências e tem jogado cartas mais fortes na realização de grandes projetos, deixando os americanos no chinelo. 

Teatro político é uma coisa, realidade é outra.

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