Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

O triunfo do mal? Quase

A inversão dos valores: Putin, Irã e Hamas podem cantar vitória

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 3 jun 2024, 17h26 - Publicado em 2 mar 2024, 08h00

Alexei Navalny está morto e Vladimir Putin está saltitante, tendo não só interrompido os reveses russos na invasão da Ucrânia, como invertido a dinâmica da guerra. Será reeleito com votação consagradora agora em março, podendo se dar ao luxo de escolher qual a proporção de votos terá, uma prerrogativa dos tiranos até quando ganham nas urnas. Quase inacreditavelmente, uma grande corrente da direita americana, identificada com o trumpismo, abraçou com entusiasmo um dos principais argumentos da propaganda russa, o de que vai contra os interesses dos Estados Unidos sustentar a resistência ucraniana. “O errado não deixa de ser errado só porque a maioria concorda e participa”, avisava Tolstói. Gênio, louco, moralista, buscador da verdade, criador de seita, anarcopacifista e tudo o mais de fora do comum e grandioso que possa sair da mitológica Mãe Rússia, o escritor do amor, da guerra e da espiritualidade não deixaria de contemplar com espanto não só o sofrimento infligido por russos a seus irmãos ucranianos como o insensato colaboracionismo do trumpismo iletrado, uma inversão total dos mais elementares valores morais.

Essa inversão desfila diariamente por ruas das grandes capitais ocidentais e de universidades que já foram o foco irradiador do conhecimento e do humanismo e hoje celebram os feitos do Hamas. Não é, obvia­men­te, errado se compungir com o sofrimento da população civil de Gaza e procurar as maneiras corretas de interrompê-lo, mas comemorar os islamistas ultrarradicais e genocidas juramentados é uma abominação. Os que deveriam dar o exemplo de clareza moral fazem o oposto disso: confundem conceitos e ignoram, deliberadamente, os fatos que levaram à atual e terrível situação em Gaza, tão terrível que poderá dar a chance aos líderes do Hamas de sobreviver na rede de túneis, construída para protegê-los. Com eles cantarão vitória outros vultos do eixo do mal, dos teocratas do Irã ao pequeno imperador vermelho da Coreia do Norte.

“ ‘Tudo o que é bom para os Estados Unidos é ruim para nós’, raciocina quem deveria dar o exemplo de clareza”

Os maus comemoram enquanto os postos avançados da civilização ocidental que celebram o Hamas se dedicam à autofagia em nome do que acreditam, equivocadamente, ser o combate ao preconceito racial. Já foram colocadas na lista de instituições racistas a matemática, a física, a lição de casa, as notas de avaliação e, mais recentemente, a escrita e a leitura. Obviamente, isso tudo funciona contra os alunos não brancos e brancos. Diagnosticou Larry Summers, ex-reitor de Harvard e integrante da equipe econômica nos governos Clinton e Obama: “Os valores outrora considerados centrais para as nossas universidades — excelência, verdade, integridade, oportunidade — passaram a ser vistos como subordinados à busca de certos conceitos de justiça social e de identidade, e à primazia do sentimento sobre a análise”.

No Sul Global, esta ficção inventada pela China e pela Rússia para promover seus interesses, o declínio da civilização ocidental, é saudada como uma vitória. “Tudo o que é ruim para os Estados Unidos, é bom para nós”, raciocinam. Até o corpo de um homem martirizado pelo regime russo é transformado em objeto de ironia e desprezo. “A vida não é uma batalha entre o bem e o mal, mas entre o mau e o pior”, lembrou-nos o poeta Jo­seph Brodsky, outro hóspede involuntário do sistema prisional russo. Os maus triunfam quando o mal é celebrado.

Publicado em VEJA de 1º de março de 2024, edição nº 2882

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.