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O império das blusinhas estremece: tarifas e fim da isenção abalam Shein

Nada pode abalar tanto o prestígio de Trump como o aumento de preço das roupas baratíssimas que fazem a alegria das adolescentes

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 18 abr 2025, 10h48 - Publicado em 18 abr 2025, 07h49

Quatro milhões de encomendas chegam todos os dias a casas americanas, despachadas pela Shein, a gigante do comércio on-line. Outro “tigre chinês”, a Temu e outros pontos de e-commerce também entram com sua cota. É esta a festa das adolescentes americanas que Donald Trump vai sabotar, com o duplo movimento do fim da isenção de compras no exterior até 800 dólares e a escorchante tarifa de 145% sobre produtos chineses, num processo similar ao que já aconteceu no Brasil.

As blusinhas da Shein vão ficar mais caras e talvez nada do que Trump tenha feito nas últimas semanas tenha tanto impacto.

Os Estados Unidos são o maior mercado da Shein (a pronúncia oficial é Chi-in, mas nos países de língua inglesa virou Chin; no Brasil, Chein). O mercado americano consome 39,73% dos produtos, em geral roupas abaixo dos vinte dólares que levam bem adiante o conceito de fast fashion, ou moda rápida. Na Shein, a moda é rapidíssima, com até dois mil produtos colocados à venda por dia. Atenção: produtos diferentes, não peças. Por ano, são vendidas 360 milhões de itens.

O segundo maior mercado é o Brasil, com 12,80%. Muitos fornecedores europeus estão apavorados com a hipótese de que, com os obstáculos erguidos nos Estados Unidos, os gigantes chineses das roupas baratas dirijam seu formidável poder de influência, através, claro, de influenciadores, e inunde o mercado.

OCUPAR ESPAÇOS

Só para comparar: a Shein lança 300 mil produtos por ano, entre roupas e maquiagem (a Temu também oferece objetos de decoração, presentes e pequenos eletrônicos). A H&M, a multinacional sueca que domina o mercado europeu de lojas físicas de roupas mais baratas, lança 4,5 mil. A Shein tem nove marcas diferentes, incluindo uma para pets.

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E quase impossível concorrer. Mas diante das novas condições tarifárias, a Amazon está tentando incrementar suas linhas de roupas baratas. Jeff Bezos, e talvez a futura esposa, Lauren Sanchez, vão ter que fazer mais do que macacões justinhos para uma viagem espacial altamente promocional. O site da Shein recebe 230 milhões de acessos por mês, contra 150 milhões para o da Nike e 82 milhões o da Zara, cuja empresa-mãe domina o comércio de vestuário de lojas físicas.

A Shein eventualmente abre lojas temporárias, dentro de sua estratégia de ocupar todos os espaços. A mente por trás de tudo é o fundador, Christopher Wu, de apenas 40 anos. Ele mudou a sede da China para Singapura e investiu em grandes depósitos nos Estados Unidos, já prevendo conflitos comerciais, mas o preço médio de 9 dólares dificilmente poderá ser mantido.

Tanto a Shein quanto a Temu procuram se desvincular da imagem normalmente associada a produtos chineses de baixo custo, inclusive o uso de mão de obra discutível. Também negam as reclamações de pequenos criadores que veem modelos incrivelmente parecidos com os que desenharam aparecer na máquina de produção em massa. Dizem que têm equipes afiadas – os produtos são pré-testados, para ver o que vai fazer sucesso e diminuir desperdícios – e também usam inteligência artificial..

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ADOLESCENTES FRUSTRADAS

Além do preço imbatível, das peças variadas e em cima das tendências e da eficiência da cadeia produtiva, negócios como a Shein deslancharam durante a pandemia e só aumentaram desde então. Muitas de suas jovens clientes, começando na pré-adolescência, nunca frequentaram lojas físicas.

Será interessante ver o que acontece, com as novas regras, nesse comércio extremamente pujante e seus efeitos sobre outros países, inclusive o Brasil. É, realmente, injusto que a tributação seja diferente para o comércio eletrônico e as lojas físicas, mas as medidas de Trump parecem feitas para quebrar a competitividade da Shein e similares: o imposto foi subindo, até chegar a 90% do valor da compra postal ou 75 dólares por encomenda. Uma pancada brava.

Esperem até as filhas e netas dos políticos e burocratas começarem a espernear . Trump, por exemplo, tem uma neta de 17 anos, Kai, que está sempre usando os tops curtinhos da moda. Podem ser que não sejam da Shein – mas os de praticamente todas as americanas dessa faixa etária são.

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E poucas coisas são tão difíceis de administrar quanto uma adolescente frustrada.

Os preços começam a subir na semana que vem, a partir do dia 25.

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