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O general que segura Maduro vai se salvar ou afundar  junto?

Até governos de esquerda não aguentam mais a tragédia venezuelana e Vladimir Padrino tem que escolher: ser padrinho da derrocada ou salvar a pátria

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 25 jan 2019, 15h50 - Publicado em 25 jan 2019, 15h49

Nem na era stalinista seria admissível o ridículo monumento inaugurado em 2017 no jardim à frente do Ministério da Defesa.

“Aqui amamos Chávez”, diz a inscrição sobre o monólito de concreto de mais de três metros de altura, com a efígie em bronze do homem que foi “um guia, uma luz, um farol” para as a Forças Armadas “refundadas”.

Vladimir Padrino, que, mais do que ministro da Defesa, é uma espécie de co-presidente, com controle sobre a atividade econômica, a distribuição de alimentos e os demais ministros, além de ser o comandante estratégico das Forças Armadas, costuma mostrar com orgulho o monumento digno do manual dos caudilhos delirantes da América Latina.

Pupilo consumado de Hugo Chávez, Padrino não tem medo do ridículo. Já divulgou um vídeo em que aparece praticando tiro ao alvo com extraordinária incompetência para um general de quatro sóis – o equivalente às estrelas em outros países e vergonhosamente associados ao tráfico de drogas institucionalizado e criteriosamente dividido entre os comandantes militares.

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Considerando-se a tragédia do abastecimento, que lançou o país na fome generalizada, a incompetência não é exatamente uma surpresa.

Mas Padrino, um sujeito até simpático se comparado a figuras repugnantes como Diosdado Cabello e o próprio Nicolás Maduro, com certeza entende que o jogo mudou.

Agora, tem que decidir o momento em que joga Maduro na fogueira e tenta salvar os dedos. Ou afunda junto no caos terminal que engolirá a revolução, também conhecida como “robolución”, o regime bolivariano, seus próceres e até o grotesco monumento ao grande líder.

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Como é um ideólogo convicto do chavismo, sem contar que desde o ano passado está na lista de pessoas cujos bens, em nome próprio ou de testas de ferro, foram bloqueados nos Estados Unidos, Padrino pode apostar que as forças sob seu comando não vão rachar e que resistir sem concessões é a única opção de sobrevivência.

Até o governo espanhol, atualmente do PSOE, o maior partido de esquerda, já balançou. Para não parecer que está alinhado a Donald Trump, o primeiro-ministro Pedro Sánchez deve reconhecer o oposicionista Juan Guaidó como presidente interino se não forem convocadas novas eleições rapidamente. A Alemanha já anunciou oficialmente que esta é sua posição.

Uma posição estranha. Quem convocaria as eleições? Quem comandaria o processo? Quem lhe daria legitimidade?

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O beco sem saída em que o regime venezuelano se colocou decorreu exatamente da absurdamente manipulada reeleição de Nicolás Maduro.

Num mundo ideal, direita, esquerda e toda a grande maioria que fica mais ao centro, reconheceria que o jogo só mudou na Venezuela porque Donald Trump está liderando o cerco à legitimidade de Maduro.

O importante é salvar milhões de venezuelanos, uma obrigação humanitária que transcende simpatias ou antipatias políticas.

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Não é preciso gostar de Trump para reconhecer que, sem ele, Maduro se instalaria alegremente num novo “mandato”, haveria uns protestos aqui e ali, e a catástrofe continuaria até levar a Venezuela de volta à idade da pedra.

Deve-se ao antitrumpismo e ao desejo de demonstrar independência a relutância em reconhecer desde já Juan Guaidó, na condição de presidente da Assembleia Nacional, que mesmo desidratada e escanteada pelo regime continua a poder reivindicar a legitimidade das urnas.

Como Maduro não vai convocar eleição nenhuma, o caminho já está traçado. Nas palavras emocionadas e eloquentes de Wilmer Guaidó, pai do líder oposicionista e motorista de táxi na ilha espanhola de Tenerife, um novo processo eleitoral tem que “seguir um processo; fim da usurpação, governo transitório e daí eleições livres”.

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O regime bolivariano será isolado pela maioria dos países democráticos. Se fizer alguma loucura contra os diplomatas americanos que continuam na embaixada em Caracas, mesmo com ordem de expulsão, ou apelar aos russos, só vai piorar ainda mais.

Vladimir Padrino sabe disso. Não adianta vestir uniforme de gala, reunir a cúpula militar e dizer ridiculamente que “está acontecendo um golpe de estado na Venezuela” promovido por “setores de extrema-direita” sob a orientação de “agentes imperiais”.

Quem dá golpe sem a força das armas?

Sem nem um único fuzil, Juan Guaidó dirigiu-se aos militares como quem tem a força moral a seu lado. “Hoje, o mundo democrático reconhece que deve haver uma mudança na Venezuela, que a ordem constitucional deve ser respeitada e nós os convidamos a participar deste processo.”

O que falta acontecer para que o poderoso padrinho do regime aceite o convite? Ou tome o avião para Cuba?

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