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O explosivo caso das três meninas mortas a facadas em cidade inglesa

Assassino pegou 52 anos de prisão, mas os desdobramentos continuam, inclusive o aspecto político

Por Vilma Gryzinski 24 jan 2025, 08h11

É quase insuportável tomar conhecimento de como Axel Rudakubana matou três menininhas que faziam um curso de férias com tema de Taylor Swift. O caso teve graves desdobramentos, com manifestações de protesto que se tornaram violentas, com o pano de fundo das tensões entre comunidades brancas e as de origem na imigração. Rudakubana pegou 52 anos, não a prisão perpétua exigida por seus crimes pois quando cometeu os crimes atrozes ainda estava a poucos dias de se tornar maior de idade.

Muitos consideraram a pena leve demais para o tamanho da atrocidade. O juiz Julian Goose disse não ter dúvida que Rudakubana, um jovem extremamente perturbado de família procedente de Ruanda, pretendia matar todas as 26 crianças. Com a faca comprada pela Amazon, ele conseguiu atingir onze delas durante os quinze minutos em que ficou à solta no salão do curso de férias na cidade de Southport.

Elsie Dot Stancombe, de sete anos, levou “pelo menos 85 golpes cortantes na cabeça, rosto, torso e membros superiores”. A igualmente graciosa Bebe King, de seis anos, sofreu nada menos que 122 golpes. Rudakubana tentou decapitá-la. Alice da Silva Aguiar, de família portuguesa da Madeira, de apenas nove anos, conseguiu escapar do salão depois de levar uma facada na cabeça e quatro nas costas, tão fortes que teve duas costelas cortadas. Desfaleceu na rua e morreu no dia seguinte.

Rudakubana também tinha um elemento biotóxico, fabricado em casa, a ricina, e havia baixado um manual da Al Qaeda. Todos concordam que é quase inacreditável como seu comportamento radical não foi tratado como deveria a tempo. Apenas uma semana antes, o pai o havia impedido de tomar um táxi para ir praticar uma matança em sua antiga escola.

COMENTÁRIOS CRIMINALIZADOS

Os seus movimentos foram registrados por câmeras, mas as autoridades seguraram durante semanas sua verdadeira identidade, desencadeando uma onda de boatos. Muitos passaram a acreditar que ele era um imigrante muçulmano, houve protestos desorganizados que terminaram em ataques à polícia e a hotéis onde ficavam estrangeiros que haviam pedido asilo.

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Manifestações violentas são condenáveis, seja qual for a causa, mas houve também a intenção clara de usar da exemplaridade, ou seja, dar penas incompatíveis com os delitos para intimidar eventuais candidatos a replicar os atos ilícitos.

Com ou sem argumentos reais, estabeleceu-se uma divisão, conhecida em outros países. O governo de esquerda e muitas autoridades do judiciário exploraram o caso para criminalizar até comentários feitos por redes sociais. Do lado da direita, consolidou-se a opinião de que imigrantes e descendentes recebem tratamento privilegiado, para manter a “paz comunitária”, enquanto os locais são tratados como brucutus radicais.

O caso de Southport, indiretamente, ajudou a ressuscitar um episódio que não vai embora: a leniência e até a conivência com que foram tratados os paquistaneses ou descendentes que atraiam meninas muito jovens que se tornavam verdadeiras escravas sexuais, sendo “passadas” entre homens adultos, às vezes até durante anos.

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O caso ganhou a designação de “gangues do aliciamento”, mas envolvia na verdade abusos sexuais hediondos. Mesmo os violentadores que foram investigados e levados à justiça receberam penas que foram consideradas incompatíveis com os crimes praticados. Militantes de direita nacionalista dizem que tudo comprova como meninas brancas, geralmente de famílias pobres ou disfuncionais, foram sacrificadas no altar politicamente correto da “paz comunitária”.

CARGA EMOCIONAL

Até Javier Milei se meteu no assunto, dizendo em Davos: “Não é verdade que, no momento em que falamos, no Reino Unido, cidadãos são presos por expor os crimes horríveis cometidos por imigrantes muçulmanos? Crimes que o governo tenta esconder?”.

A referência é a Tommy Robinson, um eloquente agitador das águas da direita nacionalista, cuja causa foi encampada pelo onipresente Elon Musk. Robinson está preso por desacato a ordem judicial.

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Casos de violência envolvendo crianças sempre têm uma enorme carga emocional, ainda mais quando são vítimas do “outro”, o estrangeiro que vai morar em território britânico e desenvolve sentimentos brutais de rejeição ao país que o acolheu. A sensação, muitas vezes confirmada pelos fatos, de que informações importantes estão sendo escamoteadas, para não inflamar a opinião pública, dá uma explosiva dimensão política a casos desse tipo.

O fato, por exemplo, que o assassino das menininhas praticou atividades associadas ao terrorismo foi escondido até o julgamento chegar perto da etapa final.

Sem contar a revolta ao ouvir o que disse ao ser preso: “Eu acho ótimo que essas crianças estejam mortas, isso me deixa feliz”. Repetiu isso várias vezes.

Atos de terrorismo ou crimes hiperviolentos cometidos por imigrantes são um dos pontos de maior volatilidade em diversos países europeus, mas nunca tinha acontecido um caso da dimensão do esfaqueamento das menininhas do curso de férias.

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