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Numa coisa todos concordam: Francisco acertou ao simplificar funeral

Ele terá caixão simples, não triplo como outros papas, e menos pompa, mais de acordo com o modo como foi em vida

Por Vilma Gryzinski 22 abr 2025, 06h51

Jorge Mario Bergoglio brigou com os tradicionalistas até o fim – e levará a briga também depois da morte. No ano passado, ele assinou um documento estabelecendo as novas regras para o funeral dos papas. Estava, obviamente, pensando em si mesmo, já prestes a completar 88 anos. Ele não será enterrado num caixão triplo e nem terá o corpo exposto num cadafalso com a cabeceira ligeiramente erguida e a cabeça pousada numa almofada branca bordada, na basílica de São Pedro. A última cerimônia fúnebre desse tipo foi para o papa emérito, Bento XVI.

Tradição de verdade tem a ver com a missa e outros sacramentos, não com ritos fúnebres elaborados que acabam se concentrando na pessoa, algo incompatível com os ensinamentos da Igreja.

A nova determinação, assinada em abril, se chama Ordo Exsequiarum Romani Pontificis. Pretende mostrar que “o funeral do pontífice romano é de um pastor e discípulo de Cristo, não de um homem poderoso desse mundo”. A sepultura na terra e a lápide apenas com a palavra “Franciscus” são pedidos de seu testamento.

O poder temporal dos papas há muito se esvaiu, embora os chefes da Igreja ocupem uma posição que não pode ser comparada a nada. Os três caixões, um de cipreste, um de chumbo e um de elmo, são realmente de outros tempos. A exposição do corpo na basílica de São Pedro também acaba tendo um aspecto macabro.

CENOGRAFIA ESPETACULAR

Sem contar o precedente do papa Pio XII, cujo corpo explodiu durante o período da exposição na basílica. Mal embalsamado pelo médico Riccardo Galeazzi Lizi, que acabou banido do Vaticano e expulso do conselho de medicina da Itália, o corpo entrou em putrefação acelerada durante os quatro dias de exposição pública, a ponto de provocar desmaios em membros da Guarda Suíça. A pele esverdeou e a cavidade peitoral acabou explodindo por causa dos gases acumulados, não adequadamente tratados.

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Não há dignidade que resista a isso. O papa de figura solene e ascética – e conduta discutida até hoje, com uma corrente o acusando de silenciar diante dos horrores nazistas, enquanto os defensores argumentam com os milhares judeus refugiados em instituições católicas – acabou de forma constrangedora. O médico de comportamento abominável também fotografou os momentos finais de Pio XII e vendeu as fotos.

Um antecessor de mesmo nome, Pio VI, também teve um sepultamento atribulado: foi preso e mantido como refém por Napoleão. Morreu na cidade francesa de Valença em 29 de agosto de 1799, mas Napoleão só permitiu que fosse enterrado em janeiro do ano seguinte.

As guerras napoleônicas que mudaram a Europa também desencadearam a perda do que restava de poder temporal dos papas.

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Sobraram os ritos e os sublimes cenários romanos, fora a autoridade espiritual de que ainda desfrutam os papas. Francisco não será enterrado na cripta de São Pedro, mas a cenografia continuará espetacular: ele escolheu um “cantinho” em Santa Maria Maggiore, com todo seu esplendor barroco.

Nada mal para um argentino nascido numa casa simples do bairro de Flores, em Buenos Aires.

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