Melhor para todos: Harry e Meghan tinham virado problema
Infelizes, emburrados e até desequilibrados, o príncipe e sua 'duquesa difícil' criaram situações complicadas para si mesmos e para a família real
Eles serão livres, felizes e badalados? Além de ganhar dinheiro por conta própria?
O destino do príncipe Harry e da mulher, Meghan Markle, está em aberto depois da decisão de “dar um passo para trás”, deixar sua posição no primeiro time da família real e ir morar no Canadá.
O precedente histórico não é nada auspicioso: o tio-bisavô de Harry, que virou duque de Windsor depois de abdicar como Edward VII durante menos de um ano, em 1936, teve uma vida bizarra com a mulher por quem desistiu do trono, Wallis Simpson.
A frustração, as ambições e a decadência do ex-rei, uma condição raríssima, são mostradas em parte na série The Crown.
Todo mundo, evidentemente, está lembrando desse precedente depois do anúncio chocante.
Todo mundo também está perguntando: Harry e Meghan tomaram a decisão por iniciativa própria ou foram fortemente aconselhados a parar de criar situações totalmente evitáveis para si mesmos e para a família real?
O caso do príncipe Andrew está muito, muito recente para não ser relembrado.
Com uma encrenca permanente no currículo – sua inacreditavelmente próxima amizade com o milionário preso por abuso sexual de menores Jeffrey Epstein -, Andrew apertou o botão da autodestruição com uma entrevista catastrófica.
Foi cortado sem piedade pelo irmão, Charles, com apoio da própria mãe.
Desde então, acumularam-se as histórias mostrando que Andrew tinha mais do que aventuras sexuais patrocinadas por Epstein e entrava no campo das negociatas usando sua posição de prestígio incomparável como duque, príncipe e filho de Elizabeth II, a mais conhecida e admirada monarca reinante do mundo.
Harry e Meghan não fizeram nada parecido. Mas minaram a própria posição com declarações infantis (“Foram responsáveis, sozinhos, pela modernização da monarquia”, plantou uma “fonte”) e até perigosas (“Tomamos caminhos diferentes”, disse o caçula sobre o irmão mais velho, que por acaso vai ser rei).
De garotão amado pela opinião pública, mesmo quando se excedia na bebida e na balada, a ponto de ter sido fotografado pelado, ou talvez exatamente por isso, Harry deu de passar lições de moral em todo mundo, pregar o evangelho ecológico e acusar seu próprio país pela má vontade com Meghan.
Criada na periferia do mundo da televisão, com uma carreira já culminando numa série filmada no Canadá, Meghan se deslumbrou.
Quem não se deslumbraria por namorar um príncipe e ser levada por ele num casamento de princesa com um reino inteiro suspirando de encantamento?
E não um príncipe qualquer, mas o filho de Diana, a mais surpreendente, amada e trágica das princesas da história recente.
Mas aceitar viagens de jatinho, hospedagem em hotéis de luxo e outros mimos de amigos feitos ontem não pegou exatamente bem.
Outros membros da família real fazem exatamente a mesma coisa. Mas ninguém atraía atenções como Meghan.
Linda, bem produzida e com acesso a um guarda-roupa de sonhos, um pouco mais moderno do que o de Kate, a cunhada com quem definitivamente não se deu bem, com o detalhe exótico de ser filha de mãe negra com mais características do outro lado da família, Meghan parecia evidentemente mais no controle do que o marido.
A posição ambígua de desfrutar de todas as vantagens de entrar para a família mais importante do mundo ocidental e, ao mesmo tempo, se passar por vítima, esconder detalhes banais sobre o filhinho e outras manifestações de tolice, desmentiu isso.
O mundo digital alimenta manifestações de ressentimento, inveja e ódio – além de preconceito, no caso dela – simplesmente abomináveis.
Mas não muito diferente da barragem de críticas que Kate enfrentou durante todo o longo namoro com William e depois do casamento.
O programa de televisão em que Harry e Meghan parecem à beira das lágrimas, reclamando de tudo e de todos, de certa maneira encurtou a carreira deles.
Estavam infelizes e até emocionalmente desequilibrados. Harry parecia acreditar sinceramente que o destino trágico da mãe se repetiria com a mulher.
A ex-atriz, esperta o suficiente para registrar comercialmente a marca “Duques de Sussex”, o título presenteado pela rainha no dia do casamento, também não segurou a pressão.
Com lágrimas nos olhos, agradeceu o entrevistador, um amigo de Harry, por perguntar como ela estava indo.
“Não teve muita gente que me perguntou isso”, disse ela.
Uma crítica nada disfarçada ao sogro, que havia se desdobrado para abrir os braços à nova nora – ou pelo menos acreditava nisso.
É claro que Meghan vai ser responsabilizada, desproporcionalmente, por fazer a cabeça do marido e até de “roubá-lo” aos súditos que gostavam tanto dele.
Aliás, já está sendo.
O jornalista Piers Morgan, apresentador de um programa matinal de televisão e polemista profissional, foi o primeirão.
“As pessoa acham que critico demais Meghan Markle – mas ela abandonou sua família, abandonou seu pai, abandonou a maioria dos amigos antigos, separou Harry de William e agora o separou da família real”, postou Morgan.
Pode ser injusto, mas se estavam todos infelizes, não é melhor que cada parte siga sua vida?
Sem contar que Harry e Meghan pretendem se tornar “financeiramente independentes”.
O duque de Windsor terminou fazendo publicidade de produtos banais, mas o mundo de hoje – e as oportunidades de uma marca bancada por um príncipe e sua “duquesa difícil”, como foi apelidada pelos ataques de nervos nos bastidores – é diferente.
A expressão relaxada do casal depois de um mês e meio de vida reclusa na mansão de um milionário canadense gentilmente colocada à disposição deles mostrou que eles estão mais felizes. Melhor para todos.