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Jogo pesado: teria Trump já decidido romper relações com o Brasil?

O tom cada vez mais incisivo usado por diplomatas indica um caminho de crescentes confrontações que pode acabar em ruptura

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 11 ago 2025, 09h40 - Publicado em 11 ago 2025, 08h34

É possível que já esteja tudo decidido e Donald Trump tenha traçado um caminho que leva ao pior. Os termos usados por assessores como o vice-secretário de Estado, Christopher Landau, e o subsecretário de Estado para Diplomacia e Negócios Públicos, Darren Beattie, que está à direita de Gengis Khan, na expressão imorredoura de Paulo Francis, dão a entender que vem sendo seguido um caminho do crescente enfrentamento ao fim do qual, inexoravelmente, haveria a convocação dos respectivos chefes diplomáticos de volta a seus países e até a suspensão ou ruptura de relações, uma situação de gravidade impensável há menos de um mês.

Toda vez que Beattie, um teórico sofisticado e extremista do conservadorismo radical, faz uma postagem, a embaixada americana em Brasília reproduz o conteúdo e o Itamaraty chama o encarregado de Negócios, Gabriel Escobar, para tomar um pito. A diplomacia brasileira está perdendo com poucas opções e já falou até em “ranço colonialista”.

O tom das postagens aumentou com Christopher Landau, hierarquicamente superior, ao acusar um “único juiz” de “usurpar um poder ditatorial” e ameaçar integrantes dos outros poderes. “Essa pessoa destruiu o relacionamento historicamente próximo do Brasil com os Estados Unidos”.

“Se alguém conseguir achar um precedente na história humana em que um único juiz, não eleito, tenha assumido o controle do destino de sua nação, por favor, avise”, postou Landau, que tem grande experiência diplomática e sabe o peso de suas palavras, tendo sido embaixador no México. Ele fala espanhol perfeito e morou cinco anos no Paraguai, onde seu pai era embaixador. Sua manifestação valeu novo pito em Escobar.

‘COMPLEXO DE CENSURA’

É certo defender a autonomia de decisões das autoridades constituídas, mas não perder o juízo, o que acontece quando o crescendo dos protestos escapa ao controle – por ordens superiores ou por convicção dos itamaratecas, talvez por ambos os motivos.

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Em algum momento, o balé diplomático vai subir mais ainda de tom – e os funcionários do governo americano envolvidos sabem muito bem disso. Na verdade, a iniciativa da subida de tom tem sido dos americanos. Beattie, por exemplo, falou em “complexo de censura e perseguição dirigido” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e partidários.

Beattie é tão radical que foi afastado do primeiro governo Trump, onde escrevia discursos presidenciais, por ter participado de um encontro no qual também estiveram presentes defensores da supremacia branca. Uma frase sua sempre é lembrada como exemplo de radicalismo: “Homens brancos competentes precisam estar no comando se quisermos que as coisas funcionem”.

Colocá-lo no comando da situação aguda das relações entre Brasil e Estados Unidos indica que a doença vai entrar em fase mais crítica ainda. A estratégia pode ter sido traçada desde o começo. O Trump do segundo mandato é diferente do presidente do primeiro, com atitudes muito mais agressivas. É um Trump turbinado.

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BIOMA CULTURAL

As circunstâncias, obviamente, também mudaram no Brasil e Trump age como se tivesse decidido usar o país como exemplo do que pode acontecer quando alinhamentos tradicionais são desfeitos. Existe ainda um aspecto pessoal, por assim dizer: a Trump Media, sua plataforma particular, está acionando o ministro Alexandre de Moraes.

Tem até um bem informado advogado, Martin de Luca, que fala português e entende nuances que passariam despercebidas por americanos sem conhecimento do bioma jurídico-cultural brasileiro. De Luca referiu-se especificamente à declaração de Davi Alcolumbre ao descartar um processo de impeachment contra Alexandre de Moraes, mesmo que todos os 81 senadores votassem por sua abertura. “Se até mesmo a unanimidade no Senado é irrelevante, para onde o Brasil está indo?”, perguntou ele.

A deterioração do relacionamento bilateral pode não terminar em ruptura declarada, mas chegar a um estado de congelamento, uma situação péssima, principalmente porque interessa ao Brasil negociar mais isenções para as exportações ainda incluídas na faixa dos 50% de tarifas para entrar nos Estados Unidos. Além, obviamente, de manter as importações americanas – se existe superávit do lado deles, é porque precisamos mais desses produtos do que o inverso.

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Isso se as tarifas não aumentarem. O encontro dessa sexta-feira na Alasca entre Donald Trump e Vladimir Putin ganha assim uma importância existencial para o Brasil. Se houver um distensionamento, Trump pode não seguir o plano de impor tarifas punitivas de até 100% para quem negocia com a Rússia, diminuindo os efeitos das sanções pela invasão da Ucrânia. Dificilmente ele arriscaria um encontro frente a frente para sair de mãos abanando, mas é arriscado fazer previsões.

Nunca vivemos tão perigosamente desde que a Inglaterra caçava navios cheios de africanos escravizados a caminho do Brasil.

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