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Isabel Ayuso: a mulher que deixa a esquerda louca de raiva na Espanha

Com mais uma vitória eleitoral prevista, a governadora da região de Madri só pensa naquilo — disputar o governo nacional no fim do ano

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 26 Maio 2023, 07h44 - Publicado em 26 Maio 2023, 07h21

Ela está com a reeleição garantida nesse domingo e, por isso, focada em conseguir a maioria que lhe daria folga no governo da comunidade de Madri, equivalente à posição de governadora, e um fôlego extra para disputar a liderança nacional com os socialistas do primeiro-ministro Pedro Sánchez na eleição geral.

Isso cria um bocado de inimigos — a começar pelo seu próprio partido, o Popular, onde Isabel Díaz Ayuso ainda depara com dificuldade para ser colocada na caixinha. Sem contar o partido mais à direita, o Vox, com quem ela terá, de novo, que fazer um acordo se não conseguir a maioria. Um ex-primeiro-ministro do PP, José María Aznar, apelou pela unidade, pedindo o voto em Ayuso de “todos que estão à direita da esquerda”.

Com ou sem maioria, Isabel Ayuso, de 44 anos, é uma força política consolidada: governa a principal região do país com um estilo leve e moderno, conquistou um eleitorado satisfeito — e virou heroína dos donos de bares, além dos cervejeiros amadores, quando propugnou o rápido fim do lockdown em Madri. Fez sucesso no TikTok com um vídeo em que canta e dança sua musiquinha de campanha — viralizou de forma espontânea, o sonho de todos os estrategistas políticos. Também entra com gosto nas polêmicas da guerra cultural e já criticou até o papa, quando o argentino Francisco disse que a Espanha deveria pedir perdão ao México pela colonização.

É claro que também entrou no caso de Vinicius Júnior: disse que a Espanha “não é um país racista”, mas obviamente criticou as agressões morais contra o jogador. “Os campos de futebol nunca podem se transformar nisso. Não sei se paralisando as partidas ou tomando outras medidas, mas todos temos que enfrentar isso agora porque a imagem que se transmite é prejudicial e, além de tudo, é mentira”.

Em seguida, detonou a bomba: “Claro que há condutas racistas também na política. Existem no PNV, é fundamento do Partido Nacionalista Basco”.

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O líder do partido basco, Antoni Ortuzar, ficou com apoplexia: “Eu sou dos que acreditam que na política não vale tudo e para esta mulher parece que vale tudo”.

Não atentou para o fato de que existe uma manifestação implícita de desprezo quando uma mulher de destaque é chamada de “esta mulher”.

A questão é complicada: muitos bascos, na política e até na época em que os separatistas do ETA praticavam terrorismo em série, abraçaram teorias parecidas com o racialismo, por causa da identidade nacional única, baseada não só numa língua que não tem paralelos — e sem origem no tronco indo-europeu —, como num perfil genético igualmente sem afinidades com outras populações europeias e até com um raro tipo de sangue predominante, o O negativo.

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Uma das maiorias críticas da direita ao governo socialista são os acordos com os partidos separatistas bascos e catalães.

Dá até um pouco de pena ver esquerdistas tradicionais, que também são contra o separatismo, tentarem ampliar os defeitos de Isabel Ayuso. A popularidade dela durante a pandemia foi um golpe que sentem até hoje. O site Politico fez o que jornalistas frequentemente fazem — procurar declarações que coincidam com suas próprias posições — e, sem nenhuma surpresa, achou um cientista político, Pablo Simón, para acusar a governadora de manipular a opinião pública ao dizer que os altos índices de infecção por Covid-19 eram culpa do governo nacional, que não controlava a entrada de passageiros no aeroporto de Madri.

“Ela conseguiu manter a narrativa focada no aeroporto, em vez da falta de serviços públicos”.

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Tradução: Isabel Ayuso ganhou o debate no tribunal da opinião pública.

“Ao não fugir da luta, Ayuso projetou uma imagem de defensora de todos os espanhóis das imposições da esquerda ‘radical’”, fungou o Politico. A governadora não fugiu, obviamente, de dar declarações ao site. “Sou uma lutadora. Luto, luto, luto e luto. E nunca deixo as coisas se resolverem por si mesmas”.

As fungadas de frustração também são quase audíveis em todas as reportagens do El País sobre ela. Seu governo “aumenta as disparidades sociais”, garantiu o jornal esquerdista, na falta de coisa pior para dizer.

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É claro que o fato de Ayuso ser jovem, bonita, tatuada, baladeira e estilosa, tendo encontrado um jeito adequado de se apresentar que foge do envelhecedor terninho das políticas convencionais, também ajuda no sucesso que faz.

Ganas, ganas, ganas de Madrid com ganas”, o seu viralizado jingle de campanha, teve dezenas de milhões de visualizações quando ela fez o vídeo com um tiktoker de 20 anos. Uma parte impossível de ser quantificada simplesmente gostou da apresentação, meio bobinha, como é típico da plataforma, sem fazer relação com a política.

Isso apenas torna “esta mulher” mais perigosa ainda. Será uma tourada — o sanguinolento espetáculo que ela apoia — ver como enfrentará os obstáculos para ser a candidata da direita que disputará o governo da Espanha, o que a colocaria, junto com a italiana Giorgia Meloni, num patamar sem precedentes. 

Duas mulheres jovens de direita que falam coisa com coisa, embora nem sempre coincidam, no comando de países europeus importantes só podem causar, e muito.

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