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Irão as terras raras salvar a Ucrânia? Zelensky quer fazer negócio

Governo Trump anuncia início imediato de negociações em que a garantia para a Ucrânia serão armas em troca de minérios preciosos

Por Vilma Gryzinski 12 fev 2025, 15h11

O anúncio feito por Donald Trump de que, depois de conversar com Vladimir Putin, serão iniciadas negociações imediatas para acabar com a guerra na Ucrânia muda tudo.

Trump quer resultados e está colocando todos os recursos, inclusive uma força-tarefa do mais alto nível, formada pelo secretário de Estado, Marco Rubio; o diretor da CIA, John Ratcliffe; o assessor de Segurança Nacional, Mike Waltz, e o enviado especial, Steve Witcoff.

Um novo jogo acaba de ser aberto. Antes desse anúncio, o secretário da Defesa, Pete Hegseth, já havia feito uma análise impiedosa: o governo Trump não quer saber da Ucrânia na Otan, acha que a ajuda militar ao país deve ser assunto da Europa e não se interessa por propostas “irrealistas”, como a saída da Rússia dos territórios que já incorporou e deglutiu. Nenhuma novidade, mas isso não diminui a dureza da nova posição.

Qual a mínima esperança de que o país não seja largado à própria sorte, com territórios perdidos e sem garantias definitivas de que a Rússia não voltará para arrancar mais? As terras raras sobre as quais o presidente americano demonstrou interesse – coisa de “500 bilhões de dólares” – e que Volodymyr Zelensky se dispôs rapidamente a negociar.

REALPOLITIK EM AÇÃO

Qual a alternativa? Nenhuma. A ala da direita americana que não tem nenhuma simpatia pela nobre causa ucraniana domina o governo Trump. Em outras palavras, os ucranianos estão ferrados. Sem a ajuda militar americana, não têm como sustentar a resistência à máquina de guerra superior, em tamanho e recursos estratégicos, da Rússia.

Propostas como a que Zelensky começou a trabalhar ultimamente, de troca de territórios – a lasca russa ocupada perto da cidade de Kursk, contra os 20% tomados pelos russos – receberam o adjetivo definitivamente esmagador de Hegseth. Embora não desprovido do que os mais sofisticados chamam de realpolitik: reconquistar militarmente o território perdido é impossível sem um nível de intervenção que os aliados ocidentais não fariam, conscientes de que seria o caminho para uma guerra nuclear.

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É triste, mas é a realidade. Uma paralisação da ajuda americana abriria perspectivas piores ainda, com um avanço russo sobre partes da Ucrânia que estão sendo defendidas com grande dificuldade.

Como a Ucrânia não será simplesmente abandonada, num acordo em que Trump e Putin repartem o mapa como querem e dane-se o resto?

TOMA LÁ DÁ CÁ

Entram aí as terras raras, metais com propriedades magnéticas e eletroquímicas que estão ao nosso redor, das telas dos celulares aos superimãs dos computadores e baterias dos carros elétricos. Numa enorme vantagem na disputa mundial pelo lugar de potência número um, a China tem as maiores reservas dessas substâncias – o Brasil tem a segunda maior reserva mundial, mas sem capacidade tecnológica para o elaborado processo de extração e separação dos elementos misturados a minério.

Numa entrevista na semana passada, Trump disse que quer “o equivalente a uns 500 bilhões de dólares em terras raras” em troca da ajuda americana. Agora, enviou o secretário do Tesouro, Scott Bessent, para discutir com Zelensky um declarado toma lá dá cá, sem nenhum disfarce diplomático.

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“Estamos buscando fazer um acordo com a Ucrânia no qual eles garantam que vão nos dar suas terras raras e outras coisas. Queremos uma garantia. Eles têm que dar a sua parte primeiro”, disse Trump, em linguagem nua e crua.

As propostas de exploração de reservas de lítio e titânio na verdade partiram de representantes do governo ucraniano. Um consórcio americano já está discutindo isso. O foco nos minerais que já estão definindo as áreas de ponta da indústria indicam “a estratégia em evolução” de Zelensky para conservar a ajuda americana, segundo definição do New York Times. “Afastando-se dos apelos morais da época do governo Biden, ele adotou uma abordagem transacional mais próxima do estilo” de Trump. Zelensky também incluiu no pacote a compra de gás liquefeito dos Estados Unidos.

“Se estamos falando de negócios, vamos fazer negócio”, apelou Zelensky.

LEMA DE CAMPANHA

Irá a riqueza do solo da Ucrânia salvar o país? A riqueza da “terra preta”, a rica camada que dispensa fertilizantes, sempre foi a principal característica ucraniana. Agora, as terras raras são avaliadas em vários trilhões de dólares. Isso já vinha sendo discutido com o governo Biden, mas Zelensky preferiu esperar para permitir a Donald Trump cantar vitória. Segundo o Times, uma alternativa seria a Ucrânia fazer um empréstimo para comprar armas, dando terras raras como garantia.

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Na situação atual, com um governo americano com forças muito hostis à Ucrânia, poderia ser a salvação da pátria.

As terras raras não são terras nem raras, mas podem sustentar até a reconstrução da Ucrânia numa fase pós-guerra.

“Tenho o forte sentimento de que as negociações serão bem sucedidas”, disse Trump ao anunciá-las.

“O presidente Putin até usou o meu lema de campanha: bom senso”.

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