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Greta, vá espernear contra o carvão em outro lugar: na China, por exemplo

Os países avançados têm que dar o exemplo na busca de energias mais limpas e a China já é a segunda economia do mundo

Por Vilma Gryzinski 19 jan 2023, 07h41

Num mundo ideal, visionários como Greta Thunberg ou seu “vovozão” Al Gore seriam as sentinelas da humanidade, avisando sobre os perigos ambientais que estão bem diante dos nossos olhos e como todos devemos nos mobilizar para salvar o maravilhoso patrimônio natural que é a nossa maior riqueza.

No mundo real, eles só esperneiam contra os países capitalistas avançados do Ocidente, ignorando a segunda maior e mais poluidora potência do planeta, a China, e a emergente Índia.

A China queima mais carvão do que o mundo inteiro somado, mas foi numa mina a céu aberto da Alemanha que Greta Thunberg apareceu para protestar, esperando que fosse presa por obstrução e assim aparecer na mídia global.

Não que a Alemanha não mereça puxões de orelha, por decisões estratégicas quase ensandecidas, como desativar as usinas nucleares e se colocar voluntariamente no colo de Vladimir Putin para o fornecimento de gás natural. A invasão da Ucrânia funcionou como um choque de realidade para um país que poderia alegar tudo, menos ignorância.

Fechar as usinas nucleares foi decisão monocrática de Angela Merkel, que propôs em 2011, sob o trauma do acidente na usina nuclear japonesa de Fukushima, a “tarefa hercúlea de combinar responsabilidade ética com sucesso econômico”.

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Não funcionou exatamente assim.

Ninguém está dizendo que é fácil extrair energia do solo, dos rios, do átomo, do sol ou do vento. Todos implicam em compromissos e intervenções ambientais que produzem paisagens degradadas. Até as turbinas de vento, além de enfear a paisagem, causam ruídos subsônicos, prejudicam pássaros e, possivelmente, até baleias, como se desconfia agora que possa ter acontecido com a instalação dos equipamentos no mar à altura de Nova Jersey. Sete baleias já apareceram mortas na praia.

Greta naturalmente não está nem aí para os problemas de um país como a Alemanha, obrigada a correr insanamente para substituir as camaradas importações da Rússia para que sua população não passe frio, não fique no escuro ou simplesmente não tenha como trabalhar para mover a formidável máquina de produção de automóveis e equipamentos pesados que fazem a fama de sua indústria.

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Não é hipocrisia que o governo alemão, uma coalizão do qual o Partido Verde é um dos integrantes, tenha reativado as usinas de carvão, é necessidade – embora agora pareça bem mais mesquinho o corte de míseros 35 milhões de dólares para a proteção da floresta amazônica no governo anterior.

Greta Thunberg não se amarra nas grades da embaixada chinesa porque sua luta não é pelo meio ambiente, mas contra, adivinhem só, o capitalismo, responsável igualmente por “colonialismo, imperialismo, opressão, genocídio”, sem contar o “extracionismo racista e opressivo”.

Outros movimentos ambientalistas que protagonizam performances de enormes repercussão, como jogar sopa de tomate em grandes obras da pintura ou bloquear estradas movimentadas na Inglaterra, são seus gêmeos ideológicos.

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“Tortura, genocídio, carnificina e sofrimento até os confins da terra” são produtos da civilização europeia “nos últimos seiscentos anos”, já disse Stuart Baden, do Extinction Rebellion.

E os movimentos em direção da liberdade individual e econômica, a construção da democracia e do conceito de direitos humanos, o pensamento independente de dogmas religiosos, o repúdio ao escravismo, a explosão da ciência da qual virão as respostas para a energia limpa que nos livrará de queimar os fósseis que nos trouxeram até aqui, mas que progressivamente deverão desativados?

A Alemanha onde Greta foi fazer seu teatro queima um bocado de coisas. Assim é a lista dos campeões do carbono, em milhões de toneladas métricas: China, 11,6 milhões; Estados Unidos, 4,5: Índia, 2,4; Rússia, 1,6: Japão, 1; Irã, 690 mil; Alemanha, 630 mil; Coreia do Sul, 620; Arábia Saudita, 580; Indonésia, 560 mil.

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O que ambientalistas mais radicais querem é claro: além de não comer carne, usar roupas de segunda mão, não ter carro e não viajar de avião, a ideia é eliminar o próprio conceito de crescimento econômico – em suma, o motor do capitalismo. Só falta combinar com a China.

Para relaxar: Greta não foi detida de verdade, só tirada do caminho e dispensada. E ainda posou uma fotos com policiais dando risada, sem a carranca habitual de salvadora do planeta. Ficou até simpática.

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