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Bolsas vão mal com o tarifaço? Imaginem se houver um ataque ao Irã

Trump abre o caminho da negociação por um lado, por outro aumenta concentração de forças no cenário do Oriente Médio

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 9 abr 2025, 07h32 - Publicado em 9 abr 2025, 07h31

“Não quero fazer o óbvio”, disse Donald Trump ao receber Benjamin Netanyahu. E o que é o óbvio? Em entrevista anterior, ele havia explicitado sua posição sobre o Irã: “Estamos na etapa final. Não podemos deixar que tenham uma arma nuclear. Alguma coisa vai acontecer logo. Eu preferiria um acordo de paz do que a outra opção, mas a outra opção resolverá o problema”.

Qualquer recurso à “outra opção” tem o potencial de desencadear uma crise de proporções épicas, mesmo que o último episódio – o bombardeio israelense a alvos da defesa antiaérea iraniana, em represália pelo ataque de drones e mísseis ordenado pelo regime teocrático – tenha sido absorvido com uma surpreendente contenção.

Os fatores em jogo agora são muito mais complexos: nenhum governante iraniano tem condições de desativar o programa nuclear, que nada secretamente vive no limiar da produção de uma bomba, e o país está vulnerabilizado pela perda ou enfraquecimento de aliados importantes.

O último acordo a respeito, negociado durante o governo de Barack Obama, foi fraco e deixou muitas portas abertas, amplamente exploradas pelo Irã.

Que tipo de concessão seria aceita por Donald Trump nas conversações que começam no sábado em Omã, num contato que deixa o governo israelense nada feliz?

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PROPORÇÕES IMPREVISÍVEIS

A imprevisibilidade de Trump não permite previsões. Para reforçar a posição em eventuais negociações, a concentração de forças no cenário do Oriente Médio também é enorme. São dois porta-aviões, o Harry Truman e o Carl Vinson, com todo o respectivo cortejo, tendo cada um deles maior poder de fogo do que as forças armadas de países inteiros.

Também foi devidamente notada a presença de seis “aviões do Batman”, os futuristas bombardeiros B-2. Deslocados para a base da ilha de Diego Garcia, no meio do Oceano Índico, eles não foram escondidos em hangares, mas deixados bem à vista para qualquer satélite fotografar. A mensagem é óbvia: os americanos querem que sejam vistos.

“É o maior deslocamento de B-2 numa base avançada”, disse ao site Klip o dinamarquês Hans Kristensen, um especialista em acompanhar a movimentação de armamentos nucleares a serviço da Federação de Cientistas Americanos. A organização é da militância desarmamentista, mas a foto dos aviões é incontestável.

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O B-2, um esguio gigante que tem uma envergadura de 52 metros (um Boeing 737 tem 32) e alcance de mais de onze mil quilômetros, foi desenhado para ser um avião fantasma que engana radares antiaéreos. O objetivo original era ser capaz de entrar furtivamente no espaço aéreo russo no caso de uma guerra nuclear. Mas foi modificado e hoje pode levar o tipo de bomba convencional, mas de altíssima capacidade explosiva, capaz de penetrar em bunkers como os escavados nas montanhas iranianas para esconder o programa nuclear.

Ao contrário dos outros bombardeiros avançados na região, em bases na Jordânia e nos Emirados Árabes Unidos, os B-2 deslocados para Diego Garcia podem entrar em ação unilateralmente, sem autorização dos respectivos países.

Mesmo com toda sua fenomenal capacidade, não resolveriam sozinhos a fatura. Haveria brutais retaliações contra Israel e uma conflagração de proporções imprevisíveis. Também é difícil que as instalações petrolíferas não fossem atingidas, provocando uma já declarada retaliação contra a infraestrutura de petróleo da Arábia Saudita, com todas as consequências tempestuosas para o planeta inteiro.

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NÃO DÁ PARA DORMIR TRANQUILO

Irão as conversações diretas dar algum resultado positivo? Dificilmente – embora só seja possível torcer por isso. A favor de um acordo, pesa o fato de que o Irã está enfraquecido, tendo sofrido a “perda” da Síria, onde o regime derrubado era seu cliente, além dos golpes sofridos por outros apaniguados, como o Hezbollah e o Hamas.

Se as negociações fracassarem, irá Trump partir para o ataque?

Era possível afirmar que o Trump do primeiro mandato não faria isso. Ao contrário da imagem agressiva que transmite, aquele Trump era fundamentalmente contra o envolvimento em guerras distantes.

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Sobre o Trump do segundo mandato, não dá para garantir nada categoricamente. Ele tem feito muitas ameaças de grande efeito retórico que não são seguidas da ação correspondente, exatamente o oposto do que um líder deve fazer. Em contrapartida, não só cumpriu o que disse que ia fazer no caso das tarifas como foi muito além do esperado.

Atualmente, não dá para dormir com tranquilidade em lugar nenhum do mundo. Muito menos em Teerã.

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