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A Duquesa Difícil: com Meghan, até batizado vira encrenca

Esconder os nomes dos padrinhos do filho, Archie, é a última da mulher que manda no coração do príncipe Harry, mas desagrada muitos ingleses

Por Vilma Gryzinski 5 jul 2019, 16h14

Mesmo em “licença maternidade”, como a família real deu para chamar os seis meses de pouquíssimos compromissos públicos das suas altezas mamães, Meghan Markle não para de aparecer.

E nem sempre por bons motivos. A última foi a decisão comunicada no próprio convite para o batizado do pequeno Archie, o futuro principezinho nascido em 6 de maio: os nomes dos padrinhos seriam mantidos em sigilo, a pedidos.

A cerimônia também será fechada, sem as pessoas do público e os fotógrafos do pool que geralmente ficam do lado de fora das capelas, acompanhando a chegada dos convidados e do rei – ou rainha- da festa: o bebê usando uma cópia exata do mandrião de renda creme presenteado dm 1841 para o primeiro filho da rainha Vitória (o tempo e 62 criancinhas da família real haviam fragilizado demais o modelo original).

Por que esconder os nomes dos padrinhos se todo mundo acabará sabendo mesmo?

A falta de lógica é a mesma que levou o duque e a duquesa de Sussex a fazer um papelão ao tentar esconder o dia e o local do nascimento de Archie. Ambos depois foram escritos na certidão de nascimento que é de conhecimento público (foi num hospital  do centro chique de Londres, o Portland, e não em casa, como Meghan queria).

Todos esses truques, com resultado negativo, são obra direta da assessoria de comunicação do casal, da qual a ex-atriz americana tomou conta depois de afastar os funcionários acostumados a trabalhar com a família real.

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Aliás, segundo os sempre bem informados tabloides, o apelido dela entre o staff é Duquesa Difícil, pelo nível de exigência.

Linda, bem vestida, perfeita diante das câmeras, encantadora com criancinhas e com um príncipe adorado pelo povo a seus pés, Meghan não tem conquistado popularidade compatível com tantas qualidades.

Qualquer mulher, e ainda por cima estrangeira, que conquistasse um príncipe do Reino Unido – a classificação profissional de Harry e do irmão, Wiliiam – seria recebida com uma certa má vontade. Aconteceu com Kate, durante muitos anos.

O “time Meghan” também é rápido em apontar racismo nas críticas à americana de pai branco e mãe negra.

Certamente existe uma dose considerável, principalmente em comentários sobre o cabelo alisado – como se fosse a única mulher no mundo, de diferentes tom de pele, a esticar a cabeleira.

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A dela, aliás, é domada pelas insubstituível artes da “escova brasileira”, como chamam a chapinha permanente em inglês.

Mas existem também motivos menos desprezíveis e mais consideráveis para as críticas a Meghan. O primeiro, é o racha entre os irmãos, unidos pelo afeto fraternal, a perda precoce da mãe e a posição única que ocupam.

Depois que Meghan apareceu, separaram tudo: residências – eram vizinhos no complexo de palacetes de Kensington -, funcionários e até a fundação filantrópica dedicada a causas ligadas à saúde mental.

Harry saiu do empreendimento conjunto, mas continuou com a causa. Fez um documentário sobre o tema com Oprah Winfrey, a formidável apresentadora americana que virou uma das amigas de infância de Meghan.

Com todo o poder de influência de Oprah, qualquer coisa relacionada a televisão é vista como vulgar demais para membros da família real.

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O esnobismo muitas vezes é defendido por pessoas comuns que cobram da família real um comportamento exemplar e idealizado.

Quando era um rapagão ruivo e mal comportado, a opinião pública perdoava tudo em Harry: as bebedeiras (e outras coisinhas), as baladas, as fotos pelado numa temporada de arromba em Las Vegas.

Até o motor “derretido” de um caríssimo helicóptero Apache quando estava fazendo treinamento nos Estados Unidos, antes de ir para o Afeganistão em segredo.

Ao contrário do irmão certinho, o caçula tinha uma licença para aprontar. Esse jeitão o aproximava das pessoas comuns, muitas das quais reclamam agora que Harry emagreceu, parou de beber, passou a comer comida orgânica e perdeu a alegria.

Quando Donald Trump fez a visita de Estado ao Reino Unido, Harry só apareceu em um compromisso, de cara emburrada.

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Nem é preciso dizer a quem atribuem a culpa. Mas talvez seja conveniente lembrar que, segundo próprio príncipe, ele vivia perdido e desequilibrado, passou por crises terríveis e chegou ao ponto de pensar em “largar tudo”. Virou outro com Meghan.

A mulher forte que “domina” um homem é um dos maiores estereótipos femininos negativos. Desde Shakespeare e A Megera Domada, ela precisa de amor e, principalmente, de um bocado de controle masculino para voltar à sua docilidade ”natural”.

Fazer a feminista, impondo suas vontades, seria a resposta natural de uma mulher de 37 anos como Meghan, que estudou, batalhou e conseguiu uma carreira razoável como atriz de seriado no extremamente competitivo mundo da televisão americana.

O problema é a situação dela não combina com fazer o que dá na telha: o sogro paga suas roupas e os impostos de todos bancam casa, funcionários, segurança e pequenos luxos como gastar o equivalente a 12 milhões de reais na reforma do sobradão dentro das propriedades reais de Windsor, onde o casal foi morar.

Até detalhes bobos irritam a turma anti-Meghan. Um exemplo: ela mandou reformar o anel presenteado por Harry quando a pediu em casamento.

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Trocou o aro simples de ouro por outro cravejado de pequenos diamantes. Praticamente todos os membros da realeza, incluindo a rainha Elizabeth, vivem desmontando, readaptando e mudando suas incomparáveis coleções de joias.

Mas mudar anel de noivado pegou mal. É uma bobagem irrelevante, ainda mais diante do histórico desafio de escolher o primeiro-ministro que será encarregado de, finalmente, por em prática a saída da União Europeia sem quebrar nada nos arranjos que sustentam o reino.

O peso simbólico da família real, como elo de ligação com o passado e sinônimo de permanência, fica maior nesses momentos.

Não é hora para ficar atraindo exposição negativa com reformas em anéis de noivado e listas secretas de padrinhos.

Ou será que o sigilo não foi para esconder quem terá a honra de batizar o bebê Archie, e sim quem não terá? Tipo o futuro rei William e a futura rainha consorte Kate? Os dois irão ao batizado amanhã, mas não serão padrinhos.

Evitar competição entre irmãos e cunhadas é uma preocupação que a corte de assessores da rainha Elizabeth e o príncipe Charles não tinham. Mas passaram a ter.

Um dos canais dessa guerra nada secreta é o Instagram, onde, por incrível coincidência, fotos atrativas de um dos núcleos são frequentemente seguidas por outras, do outro. Com vantagem para o casal Sussex, que contratou um especialista para administrar sua conta.

Além de vestidos, as duas duquesas agora comparam fotos. E têm uma vida inteira para continuar a fazer isso. O problema atual do staff real é conciliar as visitas oficiais que os dois casais farão dentro de poucos meses, Kate e William ao Paquistão, Harry e Meghan à África do Sul.

Para quem não tem o envolvimento emocional dos ingleses quando o assunto é família real, é divertido.

O que vai dar o mau relacionamento entre os príncipes e a Duquesa Boazinha, posto simbólico ao qual Kate ascendeu, e a Duquesa Difícil?

Como na Bíblia, é possível encontrar em Shakespeare trechos que se aplicam a absolutamente todas as situações imagináveis.

Um exemplo: “Alguns nascem grandes, alguns obtêm grandeza, a alguns a grandeza é imposta e em outros a grandeza fica exagerada.”

Escolham quem se enquadra onde.

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