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A Alemanha deverá voltar para a direita. Isso fará alguma diferença?

Olaf Scholz estará fora a partir de fevereiro, depois de um governo lamentável – e não há nenhuma garantia que as coisas melhorem com seu substituto

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 17 dez 2024, 07h46 - Publicado em 17 dez 2024, 07h42

Foram-se os tempos em que os governos europeus, parlamentaristas e estáveis, oscilavam entre uma direita moderada, que incentivava mais a livre iniciativa, e os de centro-esquerda, mais vocacionados para criar proteções quase inimagináveis para os trabalhadores. Garantiram uma era de estabilidade, confiabilidade e bom senso econômico – tudo o que os eleitores alemães, na maioria, adoram e que agora sentem estar perdendo. O voto de desconfiança em Olaf Sholz é um retrato disso: ele não fez nada terrivelmente errado, mas não conseguiu segurar a coalizão que mantinha seu governo e contribui para a sensação generalizada de que as coisas vão mal.

As pesquisas indicam que a União Democrata Cristã, da direita tradicional, deverá ter a maioria na eleição que haverá em 23 de fevereiro e seu líder, Friedrich Merz, será o novo primeiro-ministro – necessariamente obrigado a fazer o balé político que implica em conquistar partidos que integrem uma nova coalizão.

O aliado “natural” é o Partido Democrático Liberal, da mesma tendência de direita moderada. Num casamento que todo mundo considerava insustentável, o partido de direita integrava o governo atual, juntamente com os ecologistas, e foi quem provocou a derrocada de Scholz ao romper a aliança. Não é nada impossível que o novo chanceler, como os alemães chamam o primeiro-ministro, se alie justamente ao Partido Social-Democrata de Scholz.

Qual a garantia de que o futuro governo não vá seguir a mesma trajetória de pulsões contraditórias que acabam levando à perda da maioria?

DOIS MILAGRES

É possível que nem se esforçando muito consiga ser pior do que Scholz, um sujeito decente, mas um líder fraco, sem inspiração e sem coragem de romper com a parte rançosa da social-democracia. A revista britânica The Spectator definiu assim as respostas do primeiro-ministro aos problemas que enfrentou: “Expandir o estado, aumentar a dívida, redistribuir mais dinheiro e, o maior sucesso de todos os tempos de seu partido, taxar os ricos.”

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Se o modelo parece com o abraçado em países sem o fôlego da Alemanha (PIB de quatro trilhões, o que dá 54 mil dólares per capita) é porque tem a mesma matriz.

O problema sistêmico da Alemanha, protagonista de dois dos maiores milagres do século XX, a recuperação no pós-guerra e a reunificação com a antiga metade comunista, está na base industrial fabulosa, mas crescentemente incompatível com as exigências dos novos tempos. O planejado fechamento de três fábricas da Volkswagen, afetada pela demanda fraca na China e na Europa e por um projeto ruim para a transição energética, é o maior símbolo desses problemas.

Este ano, o país deve escapar raspando da recessão e as perspectivas não são muito otimistas, com “investimentos de menos e burocracia de mais”, segundo o líder empresarial Martin Wansleben.

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MAIS DO MESMO

Muitos países economicamente menos favorecidos gostariam de ter os problemas da Alemanha, com seu alto nível de desenvolvimento e excelente qualidade de vida.

É ruim para a Europa, e portanto para o resto do mundo, uma Alemanha menos bem sucedida e mais exposta aos extremos, tal como representados pelos partidos de direita e de esquerda pura e dura que sobem nas pesquisas e em eleições regionais.

Seria melhor se, como no passado, importasse pouco quem estivesse no poder, pois as coisas funcionariam bem do mesmo jeito.

Naqueles tempos, Friedrich Merz, o provável primeiro-ministro a partir de fevereiro, estaria no lugar certo: sem charme, sem apelo e com um currículo altamente confiável como ex-executivo da gigante de investimentos BlackRock. Hoje, a Alemanha não está num bom momento para ter mais do mesmo.

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