Um estande coletivo de 700m² é o celeiro de negócios das editoras do Brasil em Frankfurt. Cento e setenta editoras disputam o espaço, onde podem apresentar seus produtos e firmar parcerias. É o caso da FTD, que figura como uma das únicas três editoras brasileiras entre as maiores do mundo. Para a gerente editorial Ceciliany Alves, um evento do porte da Feira de Frankfurt pode “incentivar e profissionalizar” o editor brasileiro para o “negócio internacional”. O fato de o Brasil ser o país homenageado é, diz Ceciliany, uma oportunidade valiosa para o escritor, mas também para o editor brasileiro.
Ela não é a única com a agenda cheia no primeiro dia oficial da feira, que até sexta é restrita a profissionais do mercado editorial. Luiz Schwarz, da Companhia das Letras, tinha vários agendamentos marcados para esta quarta. Era “praticamente impossível” falar com ele sem horário marcado, como explicou à reportagem uma funcionária do estande. A Companhia das Letras publica 34 dos 70 escritores levados pelo Brasil à Alemanha.
Muitos vêm pela primeira vez expor seus produtos em Frankfurt. Francisco Sampaio, da editora Sarandi, editora especializada em livros didáticos e acadêmicos, explica estar no evento “para saber como essa feira funciona. É uma viagem exploratória”, diz o dono da editora fundada em 2003. E acrescenta: “As expectativas de venda não são grandes, estou aqui para conhecer melhor esse mercado e suas possibilidades.”
Os livros expostos nos estandes não estão à venda. No pavilhão reservado ao Brasil é possível, porém, comprar alguns exemplares, vendidos em um carrinho.
Aproximadamente 7.300 expositores representam mais de 100 países na 65ª edição da Feira de Livros de Frankfurt. Cerca de 280 000 visitantes devem percorrer os pavilhões do centro de convenções da cidade localizada no centro-oeste da Alemanha até o último dia do evento, no próximo domingo.
Opinião contrária – Em uma leitura conjunta com Carlos Heitor Cony e Nélida Piñon, a romancista aproveitou para expressar opinião desfavorável ao discurso de Luiz Rufatto na solenidade oficial de abertura da Feira, no dia 8. O discurso, recheado de críticas às injustiças sociais do Brasil, não agradou a escritora. “Eu tenho uma postura nítida: não falo mal do meu país fora das fronteiras brasileiras”, ressaltou.
A escritora também deu sua opinião sobre as críticas de Paulo Coelho contra a escolha da delegação de escritores brasileiros representando o Brasil em Frankfurt, embora não tenha citado o nome do escritor, chamando por ela de uma “certa voz”. “A nossa delegação está, ao contrário do que uma certa voz anda dizendo por aí, muito bem representada. Sou contra um árbitro estético. Não existem árbitros estéticos”, enfatizou Piñon, antes de abandonar o pódio.
Carlos Heitor Cony preferiu não se declarar. Sobre o discurso de Luiz Ruffato, respondeu apenas “não ter ouvido ou lido ainda”.