Consumo de própolis ajuda a prevenir febre amarela e dengue?
'Dica de saúde' fajuta que circula no WhatsApp afirma que o produto é exalado pelos poros e repele os mosquitos que causam as doenças
Além da política e do mundo das celebridades, a saúde tem sido um dos assuntos que, lamentavelmente, mais têm ocupado aqueles que inventam notícias falsas e as propagam na internet. Se não faltam blogs de credibilidade duvidosa a alardearem chás e frutas como fontes de cura de doenças, é de se imaginar que a explosão de casos de febre amarela no Brasil seria um prato cheio às mentes férteis que geram desinformação com suas “dicas de saúde”. E assim tem sido.
Circula no WhatsApp uma orientação fajuta sobre como se proteger da febre amarela e da dengue: o consumo diário de própolis. Conforme a lorota, bastariam de três a seis gotas do produto para evitar picadas dos mosquitos que transmitem as doenças.
Em primeiro lugar, ressalte-se que não há uma “epidemia” de febre amarela no país, como diz o boato. Alguns estados brasileiros, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia, enfrentam surtos da doença e iniciaram campanhas de vacinação. Tire aqui suas dúvidas a respeito da febre amarela.
Sobre o própolis: consumir o produto pode até ter efeitos positivos sobre o sistema imunológico, como mostram alguns estudos, como os do imunologista José Maurício Sforcin, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A informação de que sua absorção pelo corpo ajuda a repelir os mosquitos, no entanto, não tem fundamentação científica alguma.
“É somente boato. Tomar própolis não repele o mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue, zika, chikungunya e febre amarela em seu ciclo urbano”, diz ao Me Engana que Eu Posto o infectologista Leonardo Weissmann. Ele acrescenta que outros repelentes naturais, tais como citronela, eucalipto, arruda e ervas, “não têm eficácia comprovada e não são recomendados”.
“Outro mito também difundido é o de que tomar vitaminas do complexo B afastaria mosquitos. Não há comprovação”, informa Weissmann.
Segundo o infectologista, os repelentes mais recomendados são os que contêm os compostos químicos DEET, icaridina e IR3535. “Crianças menores de 6 meses de idade não podem usar repelentes de aplicação direta na pele”, adverte.
Não acredite, portanto, nas “dicas de saúde” passadas irresponsavelmente via WhatsApp e redes sociais. No caso da febre amarela, desinformação e boatos têm gerado pânico na população e agravado o problema.
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