Namorados: Assine Digital Completo por 5,99
Imagem Blog

Matheus Leitão

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog

Sergio Moro está sendo julgado pelo que fez?

Em artigo enviado à coluna, o cientista político Rodrigo Vicente Silva discorre sobre a legislação que pode cassar o ex-juíz da Lava Jato

Por Rodrigo Vicente Silva
Atualizado em 9 Maio 2024, 12h21 - Publicado em 15 abr 2024, 09h00

O que seria uma pré-campanha eleitoral? Vamos a alguns exemplos de casos conhecidos na última eleição presidencial. André Janones, então pré-candidato pelo partido Avante, teve superexposição nos meses que antecederam a campanha eleitoral de 2022. O mesmo ocorreu com Luciano Bivar, que tentou emplacar uma candidatura pelo União Brasil e teve o voo abortado.

No caso de Janones, o então deputado federal fez acordo com a Federação em torno do PT e deu seu apoio a Lula, mas a exposição havia ocorrido. Bivar ficou às voltas com o partido que presidia e trouxe a senadora pelo Mato Grosso Sul, Soraya Thronicke, para concorrer à presidência. Ambos, Bivar e Janones, se elegeram em seus estados como deputados federais. Ambos, claro, tiveram superexposição e foram, de certa forma, beneficiados com isso.

Ok, estamos falando de casos em que os candidatos pleiteavam campanhas majoritárias e se deslocaram para campanhas proporcionais. E se pensarmos no caso do governador do Rio Grande do Sul, que ensaiou todas as formas de se lançar candidato à presidência, seja pelo PSDB, depois em conversas com o PSD, de Kassab, quando quase mudou de partido? Resolveu ficar no já falecido tucanato e viajou por todo país, deu entrevistas e foi colocado como pré-candidato.

Ao fim e ao cabo, decidiu voltar ao seu estado de origem e tentar – com êxito pela primeira vez no Rio Grande do Sul – a reeleição ao governo que ele havia renunciado meses antes para tentar o Planalto. Foi, da mesma forma, superexposto e igualmente beneficiado.

A mesma discussão norteou o TRE do Paraná a julgar o senador Sergio Moro por abuso de poder econômico e consequente vantagem pela superexposição como pré-candidato à presidência.

O ex-juiz da Lava Jato depois de idas e vindas e de muitas trapalhadas – o que marca a vida política de Moro – se elegeu senador pelo Paraná.

Continua após a publicidade

Todos eles: Janones, Bivar, Moro e Eduardo Leite, assim como outros que tiveram o mesmo caminho em suas “pré-campanhas”, foram expostos ou superexpostos. Recuaram, mudaram de rota e tentaram outros voos. A maior parte deles teve êxito.

Diante disso, deixo a pergunta: Moro fez pré-campanha? Houve abuso e, portanto, vantagem na exposição do pré-candidato? Não sei se vale esmiuçar mais e tentar achar respostas, porque está tudo aí.

A lei de Lei 9.5014/1997 estabelece que a menção à possível candidatura e a exaltação das qualidades pessoais não configuram propaganda antecipada, desde que, claro, não haja o pedido explícito de votos.

Ademais, pré-candidatas e pré-candidatos também podem participar de entrevistas, programas, encontros ou debates em rádio, televisão ou internet, inclusive com a exposição de projetos políticos. Claro que o Direito é ciência complexa e as variáveis políticas e conjunturais contam muito aqui no Brasil.

Continua após a publicidade

Ainda sobre Sergio Moro, o que se sabe é que o pré-candidato trapalhão era conhecido, aliás, muito conhecido, havia sido o juiz da Lava jato, ministro da justiça do governo de Bolsonaro e era figura carimbada dos meios de comunicação. Era um virtual candidato desde a desastrosa operação da Lava Jato que ele conduziu.

Se me fosse pedido presidir um julgamento pela via da mediocridade, e eu fosse o juiz a julgar o ex-magistrado, tenham certeza, meu veredicto estaria dado.

Com honras e pompas, coroaria Sergio Moro como uma figura que carece de caráter, hombridade, sensatez… a lista seria longa para adjetivar figura tão minúscula, apesar de que a História, por mais que queiramos, não é feita de grandes homens e mulheres, nem por herois e heroínas. É feita por muita gente como Moro que, com o passar dos tempos, vão tendo sua biografia burilada daqui e dali, até se tornarem grandes ou minúsculos. Acho que o Sergio tem um lugar quase cativo no futuro, a se ver.

Mas o que está em julgamento não são as qualidades ou os defeitos de Sergio Moro. E se o assunto é pré-campanha, parece-me, contudo, que a legislação carece de maiores explicações sobre o tema. É preciso que se legisle sobre tal e deixe mais claro o que pode e que não pode. O que cabe e o que não é possível.

Continua após a publicidade

A falta de um congresso que encampe uma discussão e proponha uma legislação adequada para assuntos espinhosos, principalmente aqueles que prejudiquem os parlamentares, ficaremos assim, à mercê de decisões de um outro poder, principalmente o do judiciário.

E, se para cada campanha, há uma regra, como é o caso brasileiro, fica sempre difícil estabelecer parâmetros com base na experiência pregressa.

E o maior dos dramas é que a definição de pré-campanha está longe de ser o maior dos nossos problemas quando se fala em Congresso legislar, a se ver a decisão desta semana, encabeçada pelo presidente Arthur Lira, de engavetar a legislação sobre as redes sociais e começar a discussão do zero.

Até lá, ficamos assim: enquanto não se legisla sobre as redes, o Congresso entrega para a extrema direita um mar livre, sem regras, em que é possível chafurdar nas mentiras divulgadas. Enquanto isso, a mesma extrema direita elege Alexandre de Moraes como o algoz da liberdade de expressão.

Continua após a publicidade

Nesse bolo todo, o Xandão vira rei do progressismo – pasmem porque é isso mesmo – e sai bloqueando Deus e o mundo, até partido político das redes. Por fim, não nos esqueçamos, o Elon Musk – aquele que faz acordos com regimes totalitários e ditatoriais – esbraveja e faz campanha internacional para a extrema direita em nome da liberdade de expressão.

E as instituições brasileiras estão fazendo o quê? Ficam debatendo se o Sergio Moro deve perder o mandato… sim, o invisível senador Sergio Moro…

* Rodrigo Vicente Silva é Mestre e Doutorando em Ciência Política (UFPR-PR). Graduado em História (PUC-PR) e aluno de Jornalismo (Cásper Líbero). Editor-adjunto da Revista de Sociologia e Política é vinculado ao grupo de pesquisa Representação e Legitimidade Democrática (INCT-ReDem)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês*
DIA DOS NAMORADOS

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.