
É preciso concordar com o procurador-geral da república, Paulo Gonet, quando ele diz que a denúncia sobre a trama golpista liderada por Jair Bolsonaro “não se baseou em conjecturas ou suposições frágeis”.
A verdade, como tão bem pontuou o PGR, é que “a organização criminosa fez questão de documentar quase todas as fases de sua empreitada” golpista.
As 517 páginas deixam muito claro, mais uma vez, o nível de provas documentas que ultrapassam — e muito — a delação de Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens do líder da extrema-direita que virou delator falastrão.
“Não há como negar fatos praticados publicamente, planos apreendidos, diálogos documentados e bens públicos deteriorados. Se as defesas tentaram minimizar a contribuição individual de cada acusado e buscar interpretações distintas dos fatos, estes não tiveram como ser negados”, afirma Paulo Gonet.
O procurador-geral da República explica à justiça e à população brasileira que o “grupo, liderado por Jair Messias Bolsonaro e composto por figuras-chave do governo, das forças armadas e de órgãos de inteligência, desenvolveu e implementou plano progressivo e sistemático de ataque às instituições democráticas, com a finalidade de prejudicar a alternância legítima de poder nas eleições de 2022 e minar o livre exercício dos demais poderes constitucionais, especialmente do poder judiciário”.
Gonet ainda lembra uma das principais provas do processo: o depoimento de chefes militares sobre a minuta golpista apresentada pelo ex-presidente.
“As testemunhas ouvidas em juízo, especialmente os ex-comandantes do exército e da aeronáutica, confirmaram que lhe foram apresentadas, em mais de uma ocasião, minutas que decretavam medidas de exceção, cujos fundamentos não se ajustavam às hipóteses constitucionais e de consequências impensáveis no Estado democrático de direito”, disse.
Como recorda Gonet, as providências “previam anulação das eleições, prisão de autoridades públicas e intervenção em tribunais. Os relatos assentaram que as medidas seriam assinadas tão logo obtido o apoio das Forças Armadas. Os comandantes foram claros ao confirmar terem sido instantemente pressionados, inclusive por meio de ataques virtuais, a aderir ao intento disruptivo”.
Agora é com a justiça. Sim, Bolsonaro está cada vez mais perto da prisão.