Benedito Gonçalves, corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral, está certíssimo. Não é possível fechar os olhos para discursos antidemocráticos pautados por mentiras e violências.
Especialmente, se vierem de um presidente da República. Especialmente se atingirem um outro poder.
Esse é resumo do que ministro defendeu ao ler seu voto no processo contra Jair Bolsonaro.
O líder da extrema-direita, que deve perder os direitos políticos, colocou em xeque a credibilidade da justiça brasileira perante o mundo em meio a uma eleição. Mais do que isso: disse, com todas as letras, que ministros da corte tinham interesse em fraudar o pleito presidencial.
“A divulgação de notícias falsas é, em tese, capaz de vulnerar bens jurídicos eleitorais de caráter difuso, desde que sejam efetivamente graves, e assim se amoldem ao conceito de abuso”, disse Benedito para depois afirmar que o ex-presidente é “integral e pessoalmente responsável” pela fatídica reunião com os embaixadores.
E é!
O que será do espólio político de Bolsonaro ainda não se sabe, mas o ministro-corregedor não mentiu em nenhum momento.
Seu voto pela ineligibilidade é tão certeira quanto a defesa da inclusão no processo da “minuta do golpe”. Apreendido pela Polícia Federal na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o documento determinava a substituição de colegas de toga do ministro Benedito Gonçalves.
Já passou da hora de medir os absurdos de Bolsonaro com régua certa.