Mais curta do que os discursos anteriores, a fala do presidente Lula na abertura da Assembleia Geral da ONU nesta terça, 24, em Nova York, foi uma tentativa de chamamento do mundo para o combate à fome, como aconteceu em anos anteriores, mas elevando o tom em relação às guerras e às mudanças climáticas.
O mandatário petista lembrou, por exemplo, que conseguiu diminuir em 50% o desmatamento na Amazônia para depois dizer que seu governo não terceiriza a responsabilidade com as atuais queimadas na floresta… Não sem antes, contudo, chamar a atenção dos líderes mundiais para a maior estiagem que assola a região.
Lula também listou eventos extremos ao redor do mundo, passando pelos cinco continentes, e lembrou as enchentes no Rio Grande do Sul, as maiores em quase um século. Nesse momento da exposição, o presidente brasileiro afirmou que o mundo está cansado de metas ambientais acordadas e que nunca são cumpridas.
Sobre as guerras, Lula afirmou que o uso da força está virando regra no mundo, assim como os investimentos na indústria bélica, maiores a cada ano. Para ele, o Brasil e a China poderiam atuar como mediadores em busca de solução diplomática na guerra entre a Rússia e a Ucrânia – lembrando que nenhum dos dois países conseguiu atingir seu objetivo usando armas.
O presidente brasileiro quis manter o tom elevado ao criticar Israel no conflito com o Hamas, na Faixa de Gaza. Descreveu o que acontece no Oriente Médio – com a morte de mais de 140 mil inocentes palestinos – como um direito de defesa israelense transformado em direito de vingança.
Lula não parou por aí. Reclamando da ineficácia da própria ONU, surpreendentemente pediu uma reforma generalizada nos conselhos da organização, apontando que o de segurança reflete hoje o terrível passado colonial. Lula pediu uma mulher como secretária-geral, momento alto do discurso que o levou a ser efusivamente aplaudido.
O presidente brasileiro ainda aproveitou seu tempo para alfinetar Elon Musk, dono da rede social X. O bilionário descumpriu as regras brasileiras e viu o ex-Twitter ser suspenso por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Lula manteve sua coerência de sempre falar da erradicação da fome – 9% da população vive em insegurança alimentar –, mesmo que até hoje, após vários mandatos do PT no poder, não tenha conseguido resolver a questão no Brasil.