O recuo de governistas em relação à CPI da Petrobras – a primeira pedida por um governo contra o próprio governo na história do Brasil – revela o que já se sabia desde a semana passada: a tentativa de investigar a empresa não passou de mais um tiro no pé de Jair Bolsonaro.
Ou… mais um tiro que saiu pela culatra – frise-se – por que o presidente já mirou contra ele mesmo outras vezes, como nas comemorações do 7 de setembro do ano passado, quando a crise econômica piorou por conta de seus ataques aos outros poderes.
Ruim de mira, apesar de devoto número 1 do armamentismo no Brasil, Bolsonaro defendeu uma investigação contra a estatal do petróleo por conta da impopularidade crescente – insuflada, entre outras coisas, por seguidos aumentos no preço dos combustíveis.
Ocorre que uma Comissão Parlamentar de Inquérito focaria muito mais focada na eleitoreira intervenção política do presidente na empresa do que em qualquer discussão sobre a política de preços, o aumento do preço do barril do petróleo no exterior ou a subida do dólar.
Basta lembrar o que disse o ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco em um grupo privado de economistas: “meu celular corporativo tinha mensagens e áudios que podem incriminar [Bolsonaro]. Fiz questão de devolver intacto para a Petrobras”.
Estaria aí o primeiro pedido da CPI: o conteúdo das conversas entre Bolsonaro e Roberto Castello Branco. Os parlamentares seguiriam o bombardeio contra o governo requisitando a conversa do presidente com os outros dois ex-presidentes da estatal da atual gestão.
Sim, querido leitor, estamos caminhando para o quarto chefe da Petrobras desde o início do mandato.