O que está por trás da ‘bronca’ pública de Lula em ministros
Ou... do que o presidente realmente falava ao dar a segunda advertência pública em seus auxiliares mais próximos

Em três meses, Lula deu duas advertências públicas em seus 37 ministros. E o pior é que elas se comunicam bastante – uma com a outra. O primeiro puxão de orelha foi em meados de março, e o segundo, nesta quinta, 15, exatamente no meio de junho.
Percebam como a primeira complementa a segunda.
Há três meses, o presidente da República disse ser muito “importante que nenhum ministro anunciasse qualquer política pública” sem falar com a Casa Civil.
Hoje, Lula afirmou que “vai ser proibido ter novas ideias” e que os ministros têm de “cumprir aquilo que já tiveram a capacidade de propor até agora”.
Ora, ora. Qual o motivo de o presidente repreender os ministros assim publicamente?
Evidentemente que não é por estar tudo às mil maravilhas no Lula 3.
Lá atrás, Lula reclamava o anúncio de programas de governo, por ministros, que ele nunca nem tinha ouvido falar. Tanto tempo depois, não vê as ideias geniais saindo do papel.
Em meio a isso tudo, o governo não consegue formar uma base no Congresso. Nem todos os partidos aliados entregam na hora das votações, e a insatisfação com a ala política é grande entre parlamentares.
A gestão está parada, diversos cargos da Esplanada, mesmo seis meses depois, ainda não foram ocupados. Isso porque a Casa Civil não libera as nomeações, irritando quem? A mesma base.
A essa altura dos acontecimentos, se não está claro quais são todos os gargalos, sabe-se ao menos onde todos eles nascem. Na política. É a falta dela que está atrapalhando o terceiro mandato do atual presidente.