A revelação da participação e apoio de um militar que trabalha no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) aos atos antidemocráticos mostra a que ponto o bolsonarismo chegou.
Segundo mostrado pelo jornal Folha de S. Paulo, Ronaldo Ribeiro Travassos trabalha no Palácio do Planalto desde 2016 e defende os protestos que estão acontecendo em frente aos quartéis. Ele afirma que Lula não subirá a rampa para tomar posse como presidente.
“Aí pessoal. Tá lotado. 24 de novembro de 2022, horário do jogo do Brasil, mas o povo não quer nem saber, o povo está aqui lutando pelo Brasil. Eu tenho certeza que o ladrão não sobe a rampa. Agora, você que tá bonitinho em casa, quando seu filho virar boiola ou uma sapatão esquerdista, não reclame”, diz ele.
Em um áudio também divulgado pela Folha, o primeiro sargento da Marinha diz que eleitores de Lula têm que morrer.
“Não tô falando isso de brincadeirinha, não. É sério. Quem faz o L é terrorista. Tem que morrer mesmo, ou mudar ou morrer, porque não tem jeito uma pessoa dessa”.
Questionado sobre os absurdos que disse – incluindo a reedição do lema assassino da ditadura “Brasil, ame-o ou deixe-o” – Ronaldo tentou desconversar, mas fica óbvio que é ele quem fala todas essas barbaridades.
Ronaldo é a prova de que o bolsonarismo se multiplicou e alcança uma outra geração. O discurso extremista e intolerante de fato chegou aos militares. O presidente Jair Bolsonaro não apenas “sequestrou” as Forças Armadas, alinhando seu discurso e fazendo movimentos golpistas nessa reta final, como contaminou o pensamento das Três Forças a seu favor.
A coluna conversa com militares, principalmente pelo trabalho de pesquisa sobre a ditadura que vem sendo feito ao longo dos anos, e é evidente a contaminação dentro das Forças a partir de 2018, quando Bolsonaro começou a ganhar projeção com suas ideias horríveis sobre defesa da tortura e da ditadura militar.
O Brasil vive uma dura realidade e o caso de Ronaldo Ribeiro Travassos ainda mostra mais um agravante: ele trabalha no gabinete do General Augusto Heleno, o golpista 02 do governo.
Augusto Heleno foi, durante muitos anos, um militar até ponderado. No governo Bolsonaro, no entanto, ganhou espaço para defender os horrores da ditadura e ainda apoia atitudes como a de Ronaldo.
Uma foto do primeiro-sargento com o advogado Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, ilustra bem o que estamos vivendo: o extremismo ganhou rosto, nome, sobrenome e força num governo que não respeita a democracia. A partir de 1º de janeiro, no entanto, Lula não apenas subirá a rampa, como trará de volta o respeito à Constituição.