O indecente recado de Bolsonaro para Lula ao chegar no Brasil
Citar Ulysses não deveria ser o caminho do ex-presidente, amante da ditadura
Jair Bolsonaro citou Ulysses Guimarães em seu retorno ao Brasil.
Não deveria.
O ex-presidente não tem nenhum valor em comum com o Dr. Constituinte. Ulysses Guimarães odiava a ditadura. Sentia nojo. Bolsonaro idolatra o regime. Sente orgulho.
Democrata que era, Ulysses acreditava que Rubens Paiva foi a personificação da sociedade brasileira resistindo ao regime imposto com armas, canhões e atos institucionais contra opositores.
Tirano que é, Bolsonaro cuspiu no busto do ex-parlamentar – na frente dos netos do desaparecido político da ditadura – e sempre foi favorável à tortura que ceifou violentamente sua vida.
“Eu lembro, lá atrás, quem é mais velho lembra disso, né? Quando alguém criticava o Parlamento, Ulysses Guimarães dizia: espere o próximo. Dessa vez, o próximo melhorou, e muito”, disse o ex-presidente.
Trazendo para a política atual, Bolsonaro queria dizer que o Congresso será a resistência à gestão Lula, assim como o Supremo Tribunal Federal foi ao seu governo de extrema direita, que tentou rasgar a Constituição.
“E, mostrando para esse pessoal [o PT] que, por ora e por pouco tempo está no poder, eles não vão fazer o que bem quer (sic) para o futuro da nossa nação”, seguiu Bolsonaro.
O líder extremista sabe que o Congresso hoje não pode ser manobrado como há 20 anos. E que Lula terá mais dificuldade para formar sua base do que em seu primeiro governo.
Bolsonaro sabe que Arthur Lira, seu aliado de primeira hora durante os quatro anos de seu mandato, continua à frente da Câmara. E que pode (não se sabe ainda se vai!) boicotar o atual governo do PT.
É esperar para ver de que lado da História o presidente da Câmara ficará. Se ao lado de Ulysses ou do próprio Bolsonaro. Até porque, eles não se misturam.