A nova rodada da pesquisa FSB revelou que o voto útil pode mesmo fazer a diferença no primeiro turno das eleições presidenciais de 2022. Cogitado por alguns dos mais importantes cientistas políticos nos últimos dois meses, como já mostrou a coluna, o movimento pode estar começando agora, a 13 dias das eleições, segundo o instituto.
“A única movimentação que parece haver na eleição é a recente migração de votos de candidatos da 3ª via para o ex-presidente Lula. Enquanto a soma de todos os candidatos, com exceção de Lula e Bolsonaro, caiu de 19% para 14%, o petista foi o único a crescer, o que pode indicar o início de um movimento de voto útil”, afirmou Marcelo Tokarski, sócio-diretor da FSB Pesquisa.
É que o levantamento mostra – nesta segunda-feira, 19 – Lula crescendo três pontos percentuais até na espontânea, quando os nomes dos candidatos não são apresentados aos eleitores, mas especialmente na estimulada, momento em que os entrevistadores apresentam aos eleitores quem são os postulantes ao Palácio do Planalto.
Neste último formato, considerado o mais significativo, o petista cresceu esses três pontos percentuais, mas nomes importantes da terceira via, como Ciro Gomes e Simone Tebet, que vinham numa crescente, caíram dois pontos percentuais cada.
O crescimento de Lula e a queda dos outros candidatos, contudo, ainda não é o suficiente para dar a vitória ao PT no primeiro turno, mas, se a tendência for confirmada em outras pesquisas, pode ser a “pá de cal” no projeto político do líder da extrema-direita brasileira, que busca a reeleição.
Se conseguir 50% dos votos válidos – mais um voto – o petista vencerá a eleição sem a necessidade de um outro turno para decidir quem será o próximo presidente da República. Na pesquisa FSB, Lula subiu de 44% para 47% neste cenário, sempre olhado com lupa pelos pesquisadores.
Entre os eleitores evangélicos, por exemplo, Lula cresceu seis pontos percentuais da semana passada para esta, justamente quando recebeu o apoio da candidata a deputada federal Marina Silva, que, ao contrário de outros políticos que usam a religião sem nem conhecê-la, realmente professa a fé protestante.
O petista foi de 26% para 32%, enquanto Bolsonaro, que lidera no segmento religioso, caiu de 51% para 49%. Lula também aumentou em cinco pontos percentuais sua vantagem entre as mulheres.
Houve ainda outras más notícias para Bolsonaro: cresceu o número de brasileiros com a percepção de que a atual crise econômica será difícil de ser superada, o que é sempre ruim para quem está sentado na cadeira presidencial. O mesmo movimento pessimista aconteceu entre aqueles que acreditam que os preços devem subir nos próximos três meses.
A coluna já havia analisado a última pesquisa Datafolha como uma mudança de rota importante no pleito, algo que a equipe de Lula vinha esperando há dias. Hoje, a FSB reforça esse movimento esperado. Na noite desta segunda, 19, o instituto Ipec, antigo Ibope, divulgará levantamento que pode consolidar a nova tendência perto do dia da votação.