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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Lula muda o discurso – e para vencer

É o Lulinha paz e amor versão 2021?

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 out 2021, 16h30 - Publicado em 8 out 2021, 15h27

O Lulinha paz e amor voltou. É esperar para ver se para ficar – porque neste caminho há uma força enorme para ele vencer em 2022. O ex-presidente encarou os jornalistas em Brasília, nesta sexta, 8, com a face que vestiu em 2002 e eu vou pontuar porquê nas linhas abaixo.

Perguntado sobre a regulamentação da mídia, Lula disse que isso é um debate a ser feito com a sociedade e no âmbito do Congresso Nacional, especialmente em relação a internet, e enfatizou que os jornais e revistas não poderão ser mexidos.

Questionado sobre Ciro Gomes, que hoje o crítica fortemente com a ajuda do ex-marqueteiro petista João Santana, Lula afirmou que o ex-ministro o ajudou a governar, e que o país nunca verá ele falando mal do pré-candidato pedetista à presidência.

Perguntado sobre a preocupação de empresários e parte do mercado financeiro em relação a uma eventual nova política econômica, Lula disse que tem um legado nesta área que fala por si – e lembrou os feitos do seu governo, que são de fato relevantíssimos.

Questionado sobre o ex-candidato a presidente Henrique Meirelles, Lula afirmou que tem uma profunda admiração e gratidão pelo serviço prestado por ele também em seu governo, e que, apesar de o economista hoje estar com João Doria, o mundo pode dar voltas e eles… se reencontrarem.

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Perguntado sobre a atuação da Lava Jato e a narrativa que será dada aos eleitores pelo PT, Lula disse que o que ele mais queria era provar sua inocência, o que já está feito – subiu o tom em relação a Moro e Deltan -, mas afirmou que quer olhar para frente.

Questionado ainda sobre a operação, Lula afirmou que gostaria sim de um pedido de desculpas da imprensa brasileira, mas não fez ataques a jornalistas nominalmente, como já aconteceu no passado, e lembrou o quanto é difícil a qualquer um se dispor a esse movimento de perdão.

Perguntado sobre sua aproximação com antigos líderes do MDB, Lula disse que está disposto a conversar com todos os partidos diante do quadro alarmante em que se encontra o país – seja no social, seja no econômico ou na questão sanitária.

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Questionado se o PT não deveria ser mais incisivo em relação ao apoio ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro, Lula afirmou que o partido é o único que não pode ser acusado de leniente em relação a isso, e brincou que Gleise Hoffman está magrinha de tanto gritar Fora Bolsonaro.

Perguntado sobre o fato de o PSOL não ter garantido apoio a sua candidatura já que Guilherme Boulos pode concorrer a governador do Estado de São Paulo contra Fernando Haddad, Lula disse que Boulos é um amigo querido e que isso ainda será discutido.

Questionado pela jornalista Simone Iglesias, por exemplo, sobre o que poderia tirá-lo da disputa eleitoral de 2022, Lula afirmou que ainda é cedo para confirmar o seu nome, mas só Deus e o seu partido poderiam impor uma desistência a ele.

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Perguntado sobre uma eventual terceira via na disputa, Lula disse que tanto o candidato com 2% de intenções de votos, como o que tem 40%, como ele, tem legitimidade para postular uma candidatura à presidência.

Como se pode ver, é um Lula mais manso, sereno. Obviamente, fez duras críticas ao governo Bolsonaro, e ironias finas, mas disse que até o atual presidente tem o direito de tentar provar sua inocência em relação às acusações contra seu governo.

Lula falou até em recriar um conselho econômico, com a ajuda de todos os setores da sociedade, inclusive os evangélicos e católicos, para ajudar a tirar o país do estado de calamidade em que se encontra.

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Fez uma injustiça ao citar Pedro Malan, que buscou um acordo com FMI para liberar dinheiro ao Brasil, inclusive com as parcelas sendo pagas no governo do petista – em um momento em que havia fuga de capitais e um temor da chegada do petista no poder pela primeira vez, após os governos FHC.

Mas isso o PT e Lula nunca assumiram. Foi o Fernando Henrique que criou as bases para que Lula pudesse ter uma política econômica tão vitoriosa, e Malan, ali, no caso específico citado por Lula, ajudava na verdade o país a fazer uma transição com menos turbulências entre PSDB e PT.

Mas isso é menor diante da notícia mais importante do dia. Lula, ao menos nesta entrevista, voltou sinalizar para o centro, para o seu lado paz e amor, e no afago até a adversários – o mesmo caminho que o levou ao cargo de presidente do Brasil em 2003.

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