Esquerda, centro e direita reagem às suspeitas de ataques no 7 de Setembro
Coluna revelou que órgãos de inteligência investigam planos de confronto no Dia da Independência
Políticos de diversos partidos reagiram à revelação de que órgãos de inteligência estão investigando uma suspeita de ataques ao 7 de Setembro, com viés golpista, para atrapalhar o curso da eleição de 2022.
Revelada pela coluna, a informação aumentou o clima de tensão nos dois meses que antecedem as eleições. Após o assassinato de um dirigente petista por um bolsonarista em Foz do Iguaçu, ficou evidente que é preciso agir para coibir violências nos próximos dias.
O ato criminoso que está sendo investigado, segundo informado à coluna, seria planejado para ferir os próprios bolsonaristas, gerar pânico na sociedade e, em seguida, colocar a culpa na esquerda.
Diante do caso, a deputada federal Sâmia Bomfim, do PSOL, afirmou que apresentou, junto com a bancada do partido, um pedido de convocação do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, para dar explicações na Câmara.
“Diante da revelação do repórter Matheus Leitão de suspeitas de autoataques de bolsonaristas no 7 de Setembro, apresentei junto com a bancada do PSOL a convocação do ministro Heleno para dar explicações. O golpismo não vai criar factoides para mudar o curso das eleições”, afirmou ela, no Twitter.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP), um dos coordenadores da campanha presidencial de Lula, repercutiu o caso, afirmando: “N ão vamos aceitar ações golpistas! Bolsonaro pode tentar manipular o povo criando factoides políticos para que a população se volte contra o setor democrático. Não irá conseguir!”.
Como informou a coluna, as fontes da informação – relacionada à suposta conspiração em curso no Brasil em pleno 2022 – não afirmaram que há envolvimento de integrantes do governo federal, inclusive do presidente, e nem mesmo do Exército. Mas dizem que o caso se assemelha ao do Riocentro, em 1981, organizado por agentes da ditadura, que, na época, não queriam a abertura política.
Outra parlamentar que comentou o caso foi a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ): “As instituições precisam agir e o povo tem que dar o recado: golpismo não se cria!”
A vereadora paulista Érika Hilton (PSOL) também usou o Twitter para repercutir o assunto. “É esse o nível que o bolsonarismo atinge. É isso que o discurso de Bolsonaro produz”, escreveu.
Políticos de centro também repercutiram o caso, como o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE). À coluna, o parlamentar afirmou que suspeita de que “teremos muitos problemas em breve”. Acrescentou, “vamos superar, mas não dá para prever o tamanho dos danos”.
Entre políticos de direita, o tentativa foi menosprezar a informação passada à coluna. O deputado estadual Major Mecca (PL-SP), do mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro, questionou em uma rede social: “Queria saber quais órgãos, pois os P2 dos batalhões jamais deixariam vazar informações desse tipo”.
Analisando os últimos acontecimentos, não dá para descartar a possibilidade de haver uma escalada de violência no país, fruto do radicalismo e da falta de diálogo presentes no cenário político.
Como bem lembrou o historiador Murilo Cleto, que pesquisa a memória da ditadura militar nas lentes das novas direitas brasileiras na UFPR, algo desse tipo não aconteceu apenas no Riocentro, mas também em 1962, quando foi criado o Movimento Anticomunista (MAC) em resposta à decisão do governo brasileiro de reatar relações diplomáticas com a União Soviética.
O clima de acirramento da tensão política estimulado pelo presidente da República, que extrapola em muito a natural polarização de qualquer disputa eleitoral, é o ambiente em que se formam grupos radicais.