Ao dizer que devolverá as joias que ganhou da Arabia Saudita, o ex-presidente Jair Bolsonaro não melhora em nada a sua situação com a Justiça.
Ao contrário.
Na opinião da coluna, piora.
Toda a defesa do líder da extrema-direita é uma só: a de que aqueles presentes milionários fazem parte das relações bilaterais entre chefes de estado. Ainda mais, se acrescidos ao acervo público da presidência.
Fosse tão simples assim, por que Bolsonaro tentou tanto reaver as joias de Michelle? Era assessor presidencial pra cá, outro para lá – ambos autorizados por ele.
Era carteirada de ministro de Estado, era funcionário público tentando trazer joias milionárias numa mala, omitindo informações do Estado. Era tentativa de por nos acervos públicos e privados.
Sinceramente?
Fica ruim até para o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União, que acabou desmascarado tentando mudar a jurisprudência da corte para que Bolsonaro fosse “fiel depositário” do relógio, da caneta, das abotoaduras e do rosário. Todos, de uma das joalherias mais caras do mundo.
Estamos falando de um “reino” que aumentou negócios com Brasil – levando a um recorde de importações – que, em troca (é isso que os órgãos investigadores precisam apurar), enviou cerca de R$ 20 milhões em joias para o então presidente e a primeira-dama.
Antes de Bolsonaro, o Brasil era a 40ª nação que mais comprava dos sauditas. Depois de Bolsonaro, vejam, transformou-se no 27° maior parceiro do reino.
A Arábia Saudita ganhou muito com isso. E o Brasil? O que ganhou?