
O general Braga Netto, candidato a vice presidente na chapa derrotada em 2022, emagreceu cerca de 5 quilos após 123 dias de prisão. Ao contrário do que conseguia fazer enquanto estava na agenda política do Partido Liberal, agora o militar de alta patente consegue malhar diariamente.
Faz três refeições do quartel onde foi encarcerado acusado de participação ativa na trama golpista investigada pela Polícia Federal e o Ministério Público, sob o comando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Quem conta os detalhes do dia a dia do general à coluna é o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, que esteve com Braga Netto nesta terça 15, após autorização da Justiça para que o suspeito recebesse visitas.
Ao parlamentar que está à frente da mobilização pelo projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro, Braga Netto contou que já leu a Bíblia inteira nesse período de mais de quatro meses.
O general se encontra numa sala da 1º Divisão do Exército na Vila Militar, no Rio de Janeiro, não muito ampla, com uma cama, mesa para leitura, banheiro privativo e uma TV onde passam somente os canais da TV aberta.
O ex-ministro de Bolsonaro recebeu de presente o livro Uma Vida de Propósitos, de Rick Warren, e prometeu a Sóstenes que vai ler o mais rápido possível. Ele acredita que seus advogados vão reverter a prisão preventiva que já ultrapassa os 90 dias, como manda a lei.
Ocorre que, também como afirma a legislação, após esse período o juiz competente obrigatoriamente reexamina o caso para avaliar se persistem ou não os motivos determinantes da prisão.
RECLAMAÇÕES
De acordo com Sóstenes, Braga Netto reclamou da manutenção da prisão preventiva, que poderia, depois de tanto tempo, ser substituída por alguma outra medida cautelar.
O general também afirmou que jamais ouviu a palavra golpe ser mencionada ou mesmo qualquer detalhe do plano Punhal Verde e Amarelo para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e o próprio Moraes. Definiu, também segundo o deputado, essa organização homicida como um “absurdo”.
Até mesmo o motivo da prisão preventiva — a ligação para o pai de Mauro Cid, também general — foi motivo de reclamação do militar. Braga Netto diz que nunca fez a ligação. Apenas recebeu uma chamada do colega de generalato dizendo que o filho Mauro Cid havia sido esquecido pelo grupo político.
Ainda de acordo com o relato à coluna, Braga Netto parecia muito bem equilibrado emocionalmente. Não chorou em nenhum momento, mesmo sendo essa a primeira visita recebida pelo general fora do seu núcleo familiar.
Ao fim do encontro, que durou cerca de 40 minutos, Sóstenes Cavalcante, que é evangélico, fez uma oração pedindo justiça ao general, militar que é católico. Por isso, os dois ainda rezaram um pai-nosso.