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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog

A manobra de Eduardo Bolsonaro para salvar o pai e impor derrota ao país

Ofensiva internacional do deputado licenciado expõe o projeto de autopreservação da família, mesmo às custas da economia nacional

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 ago 2025, 21h08 - Publicado em 6 ago 2025, 19h22

A mais recente entrevista de Eduardo Bolsonaro à jornalista Bela Megale, concedida dos Estados Unidos, escancara uma tese inaceitável: ou ele obtém “100% de vitória”, livrando o pai de uma condenação por tentativa de golpe, ou aceita o destino de um exílio prolongado. A fala, que mistura delírio, ameaça e chantagem diplomática, serve para formalizar aquilo que já estava em curso: uma cruzada internacional contra o Brasil, em nome exclusivo da família Bolsonaro.

Não se trata de defesa jurídica, tampouco de ação política legítima. O que Eduardo propõe é um tipo de terrorismo econômico: quanto mais avança a responsabilização de Jair Bolsonaro, mais pesadas devem ser as sanções ao Brasil – ainda que em detrimento de empregos, exportações, estabilidade cambial e setores inteiros da produção nacional. A ordem está dada: o país sangra, mas o patriarca não cai.

É nesse contexto que a expressão “100% de vitória” adquire contornos sinistros. O êxito pretendido passa pela imposição de uma anistia ampla e irrestrita, capaz de apagar os crimes documentados e neutralizar o poder de reação das instituições.

Já a “derrota”, segundo o próprio Eduardo, seria o confinamento voluntário em solo estrangeiro – um gesto que ele vende como sacrifício, mas que, na prática, é um privilégio de quem tenta fugir do alcance da Justiça sem renunciar ao mandato, nem à estrutura parlamentar.

A operação simbólica que se desenha é perversa: sequestra o interesse nacional, instrumentaliza o prestígio do bolsonarismo nos bastidores republicanos dos EUA e converte o Judiciário brasileiro em inimigo externo. Para tanto, Eduardo recorre a personagens como Steve Bannon e parlamentares trumpistas, sem qualquer pudor em transformar a política externa do Brasil em moeda de troca por salvação familiar.

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Nada disso, evidentemente, seria possível sem a figura escolhida como antagonista absoluto: Alexandre de Moraes. Para Eduardo, o ministro não é apenas um juiz severo, mas o responsável direto por sua condição de exilado e pela ruína do país. A estratégia é clara: reduzir uma investigação baseada em provas à ação personalista de um “psicopata” togado. É nesse terreno de fantasia que o bolsonarismo busca legitimar sua retórica messiânica.

O mais grave, porém, não é o absurdo da narrativa, mas seu potencial de convencimento. Ao mirar o STF, Eduardo busca disfarçar como crise institucional o que é, de fato, desespero particular. Não há patriotismo, apenas autopreservação; não há coerência, apenas cálculo. E, no centro dessa equação, está a ideia de que o Brasil inteiro deve ser arrastado para salvar um único homem. É um preço alto demais por tão pouco.

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