Indiciado, diretor-geral da Abin escolhe defesa no caso de espionagem
Luiz Fernando Correa é acusado de obstrução de justiça pela Polícia Federal

O diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Luiz Fernando Corrêa, escolheu os advogados que vão compor a sua defesa no inquérito da Polícia Federal que investiga espionagem ilegal praticada no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. No caso que ficou conhecido como ‘Abin paralela’, o ex-governo praticava arapongagem contra adversários políticos.
Correa é acusado de obstrução de justiça por impedir as apurações sobre o uso indevido dos sistema de monitoramento FirstMile. À época, segundo o relatório da PF, o delegado chegou a dizer ‘a montanha vai parir um rato’, minimizando os resultados das investigações. Ainda, segundo a instituição, o diretor-geral tinha conhecimento das irregularidades da gestão anterior e não atuou para frear as ações clandestinas.
O advogado criminalista Bruno Salles, um dos coordenadores do grupo Prerrogativas, e sócio do escritório Salles Ribeiro, Palazzi e Martins Advogados, assume a defesa de Correa, em conjunto com o advogado Pedro Almeida Castro. Salles foi responsável pela defesa do ex-Procurador-Geral da República Rodrigo Janot e da ex-ministra Cida Gonçalves, em ambos os casos, as investigações foram arquivadas.
Segundo o advogado, ‘o próprio relatório mostra que não houve obstrução de justiça e que seu cliente atuava pelos interesses da Agência e preservação dos funcionários’. Além disso, destacou à coluna, houve uma preocupação de Corrêa para que uma lista de agentes que usam o FirstMile de forma legal fosse divulgada de maneira seletiva. Outro ponto alegado pela defesa é de que o delegado tem sofrido resistência dos colegas da Abin depois que implementou um protocolo de rastreabilidade para impor regras no uso da ferramenta.
Vale ressaltar que, de acordo com o relatório da PF, a ex-corregedora da Agência, responsável pela denúncia, foi indicada pelo ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno e também era esposa do delegado-geral de investigação da Polícia Federal, responsável pelo relatório. O caso está sendo analisado pela PGR que ainda vai decidir se vai apresentar uma denúncia contra o diretor-geral ao Supremo Tribunal Federal.