Sob Lula, TV Brasil estreia mais uma novela bíblica — mas não é da Record
Após abandonar produções da emissora de Edir Macedo, estatal comprou os direitos de exibição de uma produção mexicana
A TV Brasil, emissora ligada à estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC), começa a exibir a partir desta segunda-feira, 20, a novela mexicana Maria Madalena, um drama bíblico inspirado na história de uma das discípulas de Jesus Cristo.
A EBC pagou 629 mil reais pelos direitos de exibição da atração. A trama é uma produção da Sony Pictures e da produtora Dopamine e foi exibida no México pela TV Azteca em 2018 e 2019. Será transmitida pela primeira vez na TV aberta brasileira, em sessenta capítulos, de segunda a sexta-feira. A atração vai substituir a novela Os Imigrantes, uma telenovela de 1981 produzida pela Band.
“É uma novela com alto valor de produção, grande elenco e que tem como protagonista uma mulher que desafiou as regras do seu tempo. É essa trajetória de empoderamento feminino que nós quisemos trazer para a tela da TV Brasil”, afirma a diretora de Conteúdo e Programação da EBC, Antonia Pellegrino.
Novelas bíblicas não são exatamente uma novidade na grade da TV Brasil, mas há uma mudança importante em curso no governo Lula. Durante a gestão de Jair Bolsonaro, a emissora estatal pagou cerca de 7 milhões de reais por novelas bíblicas da TV Record, empresa do grupo de mídia controlado pelo bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus e uma das principais denominações evangélicas do país — os evangélicos formaram um dos segmentos que mais apoiaram Bolsonaro. Na gestão anterior, a Record chegou a receber mais verba publicitária do governo do que a Globo, que voltou a liderar o ranking no atual governo petista — leia matéria aqui.
Com o início da nova gestão, o então presidente da EBC, Hélio Doyle, anunciou que a empresa deixaria de comprar esse tipo de produção. “Elas eram muito caras e com temas muito politizados. Essas novelas foram compradas porque eram da Record e porque tinham temas bíblicos, que atendiam um público predominantemente bolsonarista”, declarou a VEJA em agosto. Doyle foi exonerado em outubro, após fazer críticas a Israel nas redes sociais.