‘Sair do Brasil é a coisa mais fácil’, diz Bolsonaro após operação da PF
'Estou me sentido humilhado', afirmou o ex-presidente diante do uso de tornozeleira eletrônica

Na porta da sede da Polícia Federal nesta sexta-feira, 18, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que “nunca” pensou em deixar o Brasil e classificou a operação desta manhã da Polícia Federal como “suprema humilhação”. “Não (pensei em deixar o Brasil). Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem”, disse. A partir de agora, o capitão da reserva não poderá usar redes sociais, deverá utilizar tornozeleira eletrônica e não poderá conversar com o filho, o deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O ex-presidente segue, agora, para a sede do Partido Liberal (PL), em Brasília. Ao ser questionado em breve coletiva de imprensa, Bolsonaro afirmou que usar tornozeleira eletrônica a partir de agora é uma humilhação. “Estou me sentido humilhado”, disse. O capitão da reserva, réu no STF por suposto plano de golpe de Estado, disse ainda que, se precisar, pede audiência ao presidente dos EUA, Donald Trump, para tentar reverter a taxação imposta em 50% aos produtos brasileiros exportados para o país americano. “Em 2019, o Trump era presidente e queria impor tarifa no aço e alumínio (do Brasil). Eu resolvi, não foi tarifado”, disse Bolsonaro.
Na operação desta sexta, a PF encontrou 14 mil dólares em espécie na casa de Bolsonaro. O ex-presidente afirmou que sempre juntou dinheiro vivo. “Poxa, sempre guardei dólar em casa. Todo dólar pego lá tem o recibo do Banco do Brasil. Declaro ano que vem no imposto de renda”, disse. Ainda segundo Bolsonaro, o filho Eduardo deve continuar nos EUA.
Durante entrevista, Bolsonaro afirmou ainda que nada o coloca no suspoto plano de golpe. Segundo ele, não há provas de tentativa de golpe, como sustenta a Procuradoria-Geral da República (PGR) nas alegações finais em ação penal que tramita no Supremo.
Motivo da operação desta sexta
Em nota publicada, o STF afirmou que a Polícia Federal “apontou que Bolsonaro, e o filho, Eduardo Bolsonaro, vêm atuando, ao longo dos últimos meses, junto a autoridades governamentais dos Estados Unidos da América, com o intuito de obter a imposição de sanções contra agentes públicos do Estado Brasileiro”, em razão de suposta perseguição no âmbito da Ação Penal 2668.
Conforme a PF, ambos atuaram “dolosa e conscientemente de forma ilícita” e “com a finalidade de tentar submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado estrangeiro, por meio de atos hostis derivados de negociações espúrias e criminosas com patente obstrução à Justiça e clara finalidade de coagir essa Corte.”
Ao analisar o caso, o ministro disse que há indícios de que tanto Bolsonaro quanto o filho têm praticado “atos ilícitos que podem configurar, em tese, os crimes art. 344 do Código Penal (coação no curso do processo), art. 2º, §1º da Lei 12.850/13 (obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa) e art. 359-L do Código Penal (abolição violenta do Estado Democrático de Direito).”