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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho, Heitor Mazzoco e Pedro Jordão. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Quem é Mario Fernandes, o general ‘raivoso’ da trama golpista, segundo Cid

Em delação, ex-ajudante de ordens disse que o militar incitou colegas de farda para pressionar Jair Bolsonaro pelo golpe e quase foi punido

Por Ramiro Brites Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 fev 2025, 14h51

Preso desde o dia 19 de novembro do ano passado por ter participado de um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o general da reserva Mario Fernandes foi citado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, como um dos radicais que pressionaram o ex-presidente a tentar um golpe de Estado.

Mario Fernandes já foi comandante das Forças Especiais do Exército. Os integrantes dessa unidade de elite são chamados de “kids pretos”, e Fernandes contou com alguns deles para a tentativa de golpe de estado e para o plano “Punhal Verde e Amarelo”, desvendado pela Operação Contragolpe da Polícia Federal (PF), que planejou o assassinato da chapa vencedora das eleições de 2022. No governo Bolsonaro, Fernandes era o número dois da Secretaria-Geral da Presidência, que era comandada pelo general Luiz Eduardo Ramos. Ele imprimiu o plano de assassinato na impressora do Palácio do Planalto e se reuniu, no mesmo dia, com o então presidente Jair Bolsonaro.

Fernandes enviou a Ramos uma série de áudios que foram interceptados pela PF. Um deles, cuja transcrição consta em relatório da investigação de novembro, falava sobre os manifestantes e pede que Ramos pressione militares do Alto Comando para que a verificação paralela das urnas eletrônicas feita pelas Forças Armadas chegue aos mesmos resultados do que um vídeo de Fernando Cerimedo, um influenciador digital argentino que participou da campanha de Javier Miliei.

“Por favor, o senhor tem que dar uma forçada de barra com o alto comando […] O relatório do MD (Ministério da Defesa) não pode ser diferente do que disse essa live argentina. […] Tá na cara que houve fraude. Não dá mais para a gente aguentar essa p****, tá f****. Nem que seja para divulgar e inflamar a massa para que ela se mantenha nas ruas, e aí sim, p****, talvez seja isso que o Alto Comando, que a defesa quer. O clamor popular, como foi em 64″, disse em referência ao golpe que deu início à ditadura brasileira até 1985.

Neste domingo, 23, em um novo áudio de Fernandes para Ramos mostra que um decreto para um golpe de Estado foi levado ao então presidente Jair Bolsonaro. “O decreto é real, foi despachado ontem com o presidente. É, [risos], movimento, eu tô de olho aqui. Se for o caso, eu aciono o senhor para voltar. Eu nem vou. Eu aciono o senhor para voltar. Força!”, disse Fernandes em gravação divulgada pelo Fantástico.

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Em depoimento à Polícia Federal, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid destaca a pressão “ostensiva” de Fernandes para que Bolsonaro desse um golpe de Estado. Ele tinha contato direto com os manifestantes que pediam uma intervenção militar. Inclusive, a PF encontrou fotos dele em uma das manifestações armazenadas na nuvem do seu computador, que foi apreendido.

Na delação, Cid diz que o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, pensou em punir Fernandes porque incitava outros militares em grupos de WhatsApp e nas redes sociais.

“Era um general que estava muito ostensivo, inclusive nas redes sociais. Estava com os manifestantes o tempo todo, estava indo lá. Inclusive, o general Freire Gomes até cogitou punir ele, porque ele estava muito ostensivo na pressão para que os generais para que pudessem fazer alguma coisa”, disse Cid em referência a Mario Fernandes em sua delação. “Ele estava bem, digamos, raivoso. Era o que mais impulsionava o [ex-] presidente a fazer alguma coisa”, acrescentou o tenente-coronel.

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Mario Fernandes foi o único militar que Mauro Cid colocou no rol de “radicais” em sua delação. Além de Fernandes, o grupo era composto pelos ex-ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Gilson Machado (Turismo), os senadores Magno Malta (PL-ES) e Jorge Seif (PL-SC). O filho do ex-presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também estava entre os incentivadores do golpe, assim como da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que teria aderido ao grupo perto do fim do mandato de Bolsonaro, quando viu sua mudança sair do Palácio do Alvorada. O grupo, segundo Cid, fazia sugestões para o ex-presidente tentar um golpe de Estado.

O papel dos comandantes

Na delação, o ex-ajudante de ordens também falou sobre a conduta dos comandantes das Forças Armadas nas conversas que tiveram com Bolsonaro sobre a possibilidade de um golpe.

Segundo Cid, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, disse que “deveria fazer alguma coisa”. Apesar de Cid não colocá-lo no grupo de radicais do entorno do ex-presidente, o tenente-coronel afirmou que o almirante colocou a Marinha à disposição do golpe: “quando der a ordem, estou com a Marinha pronta”, teria dito o almirante, segundo o relato de Cid.

Já o então chefe da Aeronáutica, o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, era terminantemente contrário e o então comandante do Exército, Freire Gomes “era um meio termo dos dois”.“ Ele entendia a situação do país. Não concordava como as coisas estavam sendo conduzidas, mas dizia que não tinha nada para fazer até porque não foi comprovada fraude nenhuma”, disse Cid, que ainda relatou que Bolsonaro acreditou até a última semana de dezembro que uma fraude nas urnas eletrônicas seria encontrada.

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