Presidente do PSDB de SP ataca Aécio: ‘Ele atua contra o partido’
Alinhado com Doria, Marco Vinholi eleva o tom contra o deputado federal de Minas Gerais que ainda exerce forte influência sobre o partido

As prévias presidenciais do PSDB ampliaram o racha interno do partido. Não há mais clima entre o grupo do atual presidenciável João Doria (SP) e o do ex-presidenciável Aécio Neves (MG). A VEJA, o presidente do PSDB de São Paulo, Marco Vinholi, um dos principais aliados de Doria, criticou a iniciativa do deputado de tentar fazer a sigla desistir de ter um postulante à Presidência da República e só focar na eleição da bancada no Legislativo, em 2022.
“Aécio Neves está a serviço de tudo, menos do PSDB. Ele atua contra o partido”, disse a VEJA Vinholi, que também é secretário de Desenvolvimento Regional do governo paulista. A fala vai em linha com as críticas feitas por Doria nesta semana de que o fracasso subiu à cabeça do político mineiro. Antes, em entrevista à CNN, Aécio havia dito que a insistência de Doria em concorrer ao Planalto poderia levar o partido a um “isolamento absoluto” e transformá-lo numa sigla nanica. “Ele está defendendo abertamente que o PSDB não tenha candidato”, acrescentou o dirigente paulista.
A oposição a Doria não tem sido feita só em palavras. Auxiliares do tucano dizem que o deputado foi o grande responsável pela derrota imposta ao governador paulista na definição da regra das prévias, que diminuiu o peso do voto dos filiados de São Paulo. Também o acusam de estar mandado emissários aos estados para minar a influência de Doria, que hoje não tem poucos inimigos no PSDB.
Apesar das críticas duras a Aécio, a quem Vinholi já tentou expulsar por meio do diretório estadual, ele tem buscado uma aproximação com o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, que no Palácio dos Bandeirantes é visto com ressalvas.
Em agosto de 2019, a Executiva nacional rejeitou por 30 votos a 4 dois pedidos de expulsão de Aécio, que é réu em um processo por corrupção passiva e obstrução de Justiça na Operação Lava Jato que ainda não foi julgado. Patrocinados pelo governador João Doria e pelo falecido prefeito Bruno Covas, os processos foram movidos pelo diretório estadual e municipal do PSDB.
Desde então, o grupo de Doria e Aécio estão em confronto, que agora se acentuou com as prévias tucanas.
Como reação à crítica, o presidente do diretório de Minas Gerais, deputado Paulo Abi-Ackel, “lamentou” as declarações de Vinholi, dizendo que elas “só contribuem para aumentar as dificuldades de Doria junto aos militantes mineiros e aos filiados em todo país”. “É lamentável ver que o PSDB de SP acredita que os interesses do partido se resumem aos interesses locais ou a vontades pessoais”, acrescentou.