Prerrogativas reage à PEC apoiada por Moro sobre lista tríplice à PGR
Senador reuniu apoio de colegas para desarquivar proposta que obriga presidente a escolher procurador-geral dentro de lista. Grupo promete ‘bunker jurídico’

A iniciativa do senador Sergio Moro (União-PR), com apoio de outros 26 colegas, por desarquivar a PEC que obriga o presidente a escolher o procurador-geral da República a partir dos nomes de uma lista tríplice formada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) já desperta reação entre juristas próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo Prerrogativas, que reúne advogados aliados do petista, promete se articular com a oposição para derrubar a medida.
“Vamos nos articular com os senadores para evitar que essa proposta tenha êxito. Vamos derrotar Moro uma vez mais”, diz o coordenador do Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, que lembra a atuação do grupo contra as propostas do “pacote anticrime” apoiadas por Moro quando ele ainda era ministro da Justiça. “Vamos fazer a mesma coisa agora, é um bunker jurídico”, completa Carvalho.
Lula já declarou abertamente que não pretende escolher o sucessor do atual procurador-geral, Augusto Aras, a partir da lista tríplice. Nos governos do presidente e da sua sucessora, Dilma Rousseff, assim como no de Michel Temer (MDB), os chefes do Ministério Público Federal foram escolhidos dentro da lista. O primeiro a quebrar a “tradição” desde 2003 foi Jair Bolsonaro, ao optar por Aras.
“O Ministério Público Federal tem que saber que eu não vou escolher por irresponsabilidade da força-tarefa do Paraná que foi moleque, prejudicou a imagem do Ministério Público Federal”, disse o presidente em uma entrevista recente. “Jogaram fora uma coisa que só eu tinha feito, de escolher a lista tríplice”.
Aliado próximo a Lula, Marco Aurélio de Carvalho também critica o que vê como “parceria de Moro com a ANPR”. “Começa muito mal a ANPR ao estabelecer parceria com o ex-juiz Sergio Moro, que tanto afetou a credibilidade do nosso sistema de Justiça. A lista tríplice, como se sabe, não é o único e muito menos o melhor critério para a escolha do novo procurador-geral da República”, diz ele.
“Moro é radioativo, e parte dos procuradores parece não se dar conta disso. Num passado recente, ele estabeleceu uma parceria com os procuradores de Curitiba na Operação Lava Jato e deixou no país um rastro de destruição e miséria, conhecemos essa receita e sabemos quais são seus resultados”, completa o advogado.