Por que o bolsonarista Allan dos Santos continua em liberdade nos EUA
Influenciador está foragido nos EUA e foi visto entre os parlamentares bolsonaristas que participaram de evento relativo à posse de Trump

A posse do novo presidente americano Donald Trump para um segundo mandato nesta segunda-feira, 20, reuniu uma comitiva de entusiastas e parlamentares brasileiros de direita. Dentre eles, está o filho do ex-presidente, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que publicou um vídeo nas suas redes sociais em que, ao fundo, aparece o influenciador de direita Allan dos Santos (veja abaixo). O antigo dono do canal Terça Livre possui uma ordem de prisão contra si, emitida pelo Supremo Tribunal Federal (STF)o. Apesar de ser uma figurinha carimbada em eventos como o desta segunda e se manter ativo nas redes sociais, ele ainda não foi preso — e nem se sabe quando será.
Allan dos Santos é investigado no inquérito das fake news, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes. Daí é que saiu, em 2021, uma ordem de prisão preventiva contra ele. O influenciador de direita é suspeito de estar envolvido com ataques antidemocráticos, participar de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Porém, antes mesmo dessa ordem de prisão sair, ele deixou o Brasil em direção aos Estados Unidos. Allan dos Santos está sem acesso às suas contas bancárias e impedido de usar redes sociais — o que não o impediu de continuar criando outras contas e de tentar usar outras plataformas, como o OnlyFans, onde se veicula conteúdo adulto.
O governo brasileiro pediu aos Estados Unidos que Allan dos Santos fosse extraditado para cumprir essa ordem de prisão preventiva, mas a medida até hoje não foi cumprida, e tampouco arquivada. Nas legislações de extradição está previsto (tanto na lei dos EUA quanto na do Brasil) que crimes políticos ou de opinião não podem ser motivo para extraditar alguém. O influenciador bolsonarista se coloca como um perseguido político do ministro Alexandre de Moraes. Por isso, o governo americano ainda estuda se concederá ou não a extradição dele e há uma grande expectativa entre os bolsonaristas de que, com a posse de Trump, eles possam ser beneficiados, o que inclui uma remota (e altamente improvável) chance de reversão da inelegibilidade de Jair Bolsonaro.
A extradição é um dos processos jurídicos mais complexos que existem, porque exige o cumprimento simultâneo de leis dos dois países envolvidos. Outro bolsonarista que está em situação similar é o jornalista Oswaldo Eustáquio, que vive hoje na Espanha. O pedido do estado brasileiro para que ele seja extraditado começou a ser julgado pela Justiça espanhola e, como mostrou VEJA, Eustáquio contratou uma equipe de advogados para cuidar do seu caso.