Polícia indicia PM que jogou homem de ponte em São Paulo
Soldado está detido desde dezembro em presídio militar; outros doze policiais militares seguem afastados, diz secretaria

A Polícia Civil de São Paulo indiciou na noite de segunda-feira, 7, o soldado Luan Felipe Alves Pereira, da Polícia Militar, por tentativa de homicídio ao arremessar um homem de cima de uma ponte, durante abordagem, na capital paulista.
Luan Alves foi preso em 5 de dezembro de 2024, dias após o episódio, e está detido desde então no Presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo. Segundo a polícia, o soldado foi interrogado ontem, mas decidiu ficar em silêncio e aguardar o julgamento.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que Luan segue preso e que o inquérito da Polícia Civil deve ser finalizado e enviado à Justiça de São Paulo nos próximos dias. Outros doze PMs suspeitos de participarem da abordagem violenta estão afastados das ruas.
Em dezembro, o soldado já havia sido indiciado por tentativa de homicídio pela Corregedoria da Polícia Militar, que acusou outros seis agentes por peculato culposo (negligência no dever público) e prevaricação (uso do cargo para benefício próprio).
Vítima ouviu: ‘ou você pula, ou eu jogo você’
O caso ocorreu em 3 de dezembro do ano passado na Vila Clara, na zona sul de São Paulo. A vítima, um manobrista de 25 anos chamado Marcelo, relatou à PM que andava de moto pela Avenida Cupecê e que não estava em alta velocidade, mas foi parado pelos policiais.
Ao descer da moto, Marcelo tentou correr da abordagem, mas foi pego e recebeu golpes de cassetete na cabeça e nas costas. Durante a abordagem, um dos agentes o puxou pelo colarinho até a beira da ponte e afirmou: “Você tem duas opções: ou você pula da ponte ou eu jogo você daqui”. O jovem afirma que tentou explicar que não era ladrão e que a moto era sua, mas o policial levantou sua perna e o arremessou.
O manobrista caiu cerca de três metros e caiu no córrego, sem se machucar, próximo a moradores de rua que estavam debaixo da ponte — segundo o inquérito, as lesões que ele sofreu seriam das pancadas com o cassetete, não da queda. Ele diz que encontrou uma trilha e fugiu escondido do local.