PGR denuncia casal que teria dado golpe em acampamento bolsonarista
Segundo a acusação, dupla pediu doações para comprar alimentos para grupo no QG do Exército nos protestos antes do 8 de Janeiro, mas embolsou parte do valor
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou criminalmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) um casal que desviou doações recebidas no acampamento golpista na frente do Quartel-General do Exército em Brasília, entre o final de 2022 e o 8 de janeiro de 2023. Segundo a acusação, Rubem Abdalla Barroso Junior e Eloisa da Costa Leite pediram doações via Pix aos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro para fazer comida para os rebeldes — porém, parte do dinheiro recebido foi parar no bolso deles próprios.
Na época dos acampamentos, o casal cuidava da “Barraca do Abdalla”, que fazia refeições para os manifestantes que ficaram acampados na frente do Exército pedindo que os militares dessem um golpe de estado, após Bolsonaro ser derrotado por Lula nas urnas. O casal realmente oferecia refeições, porém, o que as investigações da Polícia Federal descobriram é que parte do dinheiro que eles recebiam tinha outros destinos. Uma parte ia para o financiamento de atos golpistas, mas outra, bastante robusta, foi usufruída pelos próprios acusados.
Em um trecho da denúncia, por exemplo, a PGR afirma que Eloisa era registrada como funcionária de uma padaria, com salário de 1.212,00 reais. Porém, entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, ela movimentou valores milionários — foram, segundo a acusação, 1.055.255,85 de reais em crédito e 738.577,49 no débito. Em outra parte da acusação, a PGR afirma que Eloisa transferiu mais de 185.000 reais para o companheiro nas semanas do acampamento golpista. Inclusive, logo depois do 8 de Janeiro, Rubem fez diversos saques em espécie da sua conta, cujos valores, somados, chegaram a 19.300 reais.
“Parte do dinheiro arrecadado a partir de doações no acampamento também foi utilizada para suprir interesses particulares dos denunciados”, diz a denúncia. O casal também enviou dinheiro a militares e a outros manifestantes golpistas, para financiar atos antidemocráticos. Eles foram acusados de dois crimes: associação criminosa e incitação ao crime na forma equiparada pela animosidade das Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais, cujas penas máximas, somadas, totalizam três anos e seis meses.
A denúncia foi apresentada no dia 9 de julho e o caso estava, até então, em segredo de Justiça. No dia 11 do mesmo mês, o relator, ministro Alexandre de Moraes, determinou que o casal fosse notificado para apresentarem suas defesas prévias. Os dois têm endereço em Brasília, mas não foram encontrados pela Justiça até o momento. Só depois que eles apresentarem defesa o Supremo decide se os coloca ou não no banco dos réus.







