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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Pacto de não-agressão cai por terra e ala radical critica convite a Feder

O guru Olavo de Carvalho e blogueiros investigados por espalhar fake news estão descontentes com o indicado para assumir o Ministério da Educação

Por Edoardo Ghirotto e Maria Clara Vieira
Atualizado em 3 jul 2020, 16h33 - Publicado em 3 jul 2020, 16h25

O pacto de não-agressão contra Renato Feder durou apenas algumas horas. Convidado na noite de quinta-feira, 2, pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Educação, Feder tem recebido críticas de expoentes da ala mais radical do governo, entre eles o guru Olavo de Carvalho e blogueiros que são alvos de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) por propagar mentiras na internet. Eles reclamam que a indicação partiu dos militares da administração bolsonarista, embora Feder seja um nome mais identificado com políticos ligados a partidos do Centrão.

“Quem f* a educação nacional? Três turminhas: (a) militares, (b) comunistas, (c) empresários metidos a gênios“, escreveu Olavo em seu perfil no Twitter, referindo-se ao fato de o indicado ser um empresário ligado à educação privada. Feder, que hoje trabalha como secretário de Educação do Paraná, ainda é criticado por Allan dos Santos e Bernardo Küster, dois dos principais influenciadores digitais bolsonaristas. 

Na tentativa de se viabilizar como o novo ministro da Educação, Feder tentou construir pontes com integrantes do núcleo ideológico do governo nos últimos dias. Não conseguiu falar diretamente com Olavo, mas interlocutores da administração federal haviam garantido que não haveria ataques explícitos contra ele.

Há quem diga que Bolsonaro foi convencido a convidar Feder para o cargo depois de conversar por telefone com o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), que tem feito lobby pelo nome do seu secretário e pretende capitalizar politicamente caso a gestão seja bem-sucedida.

O secretário do Paraná liderou a bolsa de apostas e até se reuniu com Bolsonaro antes da indicação de Carlos Decotelli para o cargo. Feder havia perdido força por ter sido o principal doador da última campanha do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um dos maiores desafetos de Bolsonaro. O presidente também ficou contrariado com as diversas entrevistas que Feder concedeu após o encontro que tiveram em Brasília.

Decotelli, este sim indicado por militares, foi forçado a pedir demissão antes de tomar posse, em função de informações inverídicas que constavam no seu currículo. Diante do impasse, os ministros-generais esperavam que o presidente considerasse o nome do reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Anderson Correia, para o ministério. Mas, desta vez, a sugestão não convenceu o presidente.

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Se for confirmado como ministro, Feder irá agradar a parcela do empresariado do setor educacional que apoia o governo Bolsonaro e não estava satisfeita com a gestão ideológica e ineficiente de Abraham Weintraub. Proprietários de universidades e escolas privadas esperam que o ministro implemente políticas voltadas para a área, como o uso de vouchers educacionais.

A nomeação também tem o potencial de reaproximar o governo de um grupo de parlamentares identificados com o Centrão que tem simpatia pelas ideias liberais de Feder e que não aceitava sequer conversar com Weintraub. Por outro lado, o futuro ministro deve encontrar resistência ao dialogar com os secretários de Educação estaduais, com os quais já apresentou divergências e nunca teve relação próxima.

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