Os possíveis sucessores de Lula, segundo a revista britânica The Economist
Publicação referência para o liberalismo econômico diz que o PT insiste que o presidente tentará um novo mandato, mas que ‘há menos certeza nos bastidores’

A prestigiada revista britânica The Economist, especializada em economia e política e referência no liberalismo econômico, elencou em uma reportagem quem ela considera que pode ser um eventual sucessor político de Luiz Inácio Lula da Silva na esquerda brasileira. A publicação cita que o PT insiste em que o presidente concorrerá a um novo mandato em 2026, mas diz que “há menos certeza nos bastidores”, principalmente após o acidente doméstico que o obrigou a uma cirurgia de emergência na cabeça.
A revista lembra que na última reunião ministerial, na segunda-feira 20, Lula inclusive causou surpresa em seus ministros ao admitir a hipótese de não ser candidato a um quarto mandato caso não estivesse em boas condições de saúde. O presidente tem 79 anos. A publicação cita, ainda, que Lula é “a única figura popular do partido” e que a base do petismo “encolheu à medida que o Brasil em que foi forjado mudou”. Também relata como foram os seus primeiros mandatos, da alta popularidade alavancada pelos commodities aos escândalos de corrupção e a sua prisão pela Lava-Jato.
Nesse cenário, a revista aponta quem seriam os seus sucessores, não só no PT, mas na esquerda brasileira. Veja a lista e avaliação que faz de cada um.
Fernando Haddad
O ministro da Fazenda é considerado “um pragmático e uma rara voz do governo que defende a responsabilidade” e isso “atraiu a ira da base do PT”. Sua formação intelectual — “é formado em direito, economia e filosofia e escreveu uma tese de doutorado sobre materialismo histórico — o torna um tanto difícil de vender”. Já disputou a eleição presidencial em 2018 e foi derrotado por Jair Bolsonaro.
Camilo Santana e Rui Costa
Lembra que o PT ainda pode optar por um ministro ou governador popular do Nordeste, seu reduto, mas que “ambas as opções são tensas”. Diz que “Camilo está ganhando terreno, mas ainda não é muito conhecido”, enquanto Rui Costa, “o ex-governador do maior estado do Nordeste (Bahia), teve uma jornada turbulenta como chefe de gabinete de Lula”.
Guilherme Boulos
Afirma que “por um tempo, parecia ser o sucessor mais provável de Lula”. Afirma que “ele deixou a sua família abastada, mudou-se para uma ocupação e tornou-se o líder de uma organização que ajuda moradores sem-teto”. E completa: “Embora ele tenha abraçado os pobres do Brasil, eles não o abraçaram. Em outubro, concorreu para prefeito de São Paulo e perdeu por quase 20 pontos”.
Tabata Amaral e João Campos
Chamado de “casal poderoso”, a revista diz que ela é “uma jovem estrela em ascensão da esquerda”, mas “ainda não parece possuir peso político suficiente”. Seu parceiro, João Campos, prefeito do Recife, capital do estado natal de Lula, Pernambuco, “pode ter uma chance melhor”. Em outubro, ele foi reeleito prefeito com quase 80% dos votos. Diz que “ambos têm 31 anos e, portanto, estão sujeitos a acusações de inexperiência”.