Os dois governadores do Norte que estão ameaçados de perder o cargo
Em Roraima, Antonio Denarium foi cassado pelo TRE duas vezes por irregularidades na campanha; no Acre, Gladson Cameli é denunciado por corrupção
Dois governadores, ambos de estados da região Norte, estão com os cargos ameaçados por suspeitas de irregularidades em suas respectivas gestões. Antonio Denarium (PP), de Roraima, foi afastado na semana passada, pela segunda vez, pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RR), por irregularidades na eleição de 2022 e recorre das decisões no cargo. Já Gladson Cameli (também do PP), do Acre, teve pedido de afastamento feito pelo Ministério Público Federal ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em ação na qual é denunciado pelos crimes de corrupção, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
No julgamento que resultou na cassação do mandato de Denarium pela segunda vez, os desembargadores do TRE-RR concluíram que o governador promoveu reformas em desacordo com a legislação eleitoral na casa de moradores de baixa renda por meio do programa Morar Melhor. As melhorias teriam ocorrido em 2022, quando Denarium concorria à reeleição. Em outubro daquele ano, ele foi reeleito com 56% dos votos. Em nota, o governador afirmou que buscará fazer os contrapontos necessários e acredita que a decisão será revertida.
Em agosto, o mesmo TRE-RR cassou o mandato do governador também por abuso de poder econômico. A ação que fundamentou a decisão relatava que o governador dobrou os gastos com distribuição de cestas básicas para a população carente durante o ano eleitoral, em comparação com os dois anos anteriores. Em nota divulgada na época da decisão, Denarium afirmou estar com a “consciência tranquila” por ter feito o que é certo para o povo.
Acre
No Acre, Gladson Cameli enfrenta acusações na área criminal. Em denúncia oferecida no final de novembro, na qual pede o afastamento do cargo, a Procuradoria-Geral da República acusa o governador de liderar esquema que teria desviado mais de 11 milhões de reais dos cofres públicos do estado por meio de contratação fraudulenta de fornecedores. A PGR identificou irregularidades em outros oito contratos, e a estimativa é que os prejuízos aos cofres públicos alcancem mais de 150 milhões de reais.
Segundo a PGR, Cameli recebeu mais de 6 milhões de reaois em propinas. Além do governador, também foram denunciados a primeira-dama do estado, Ana Paula Cameli, dois irmãos do chefe do Poder Executivo, servidores públicos, empresários e pessoas que teriam atuado como “laranjas” no esquema.
Em nota, a defesa de Cameli afirmou não haver irregularidades atribuíveis ao governador e disse que o pedido de afastamento é “uma afronta” ao mandato conferido pelos eleitores do Acre. “O governador Gladson Cameli confia no Poder Judiciário, Superior Tribunal de Justiça e fará sua defesa e tem a convicção que esse pedido ao final será indeferido”, diz a nota da defesa.