Os contratempos do tour bolsonarista nos EUA para a posse de Trump
Impedidos de ir a cerimônias, familiares e aliados de Bolsonaro justificam os problemas da empreitada com tempo ruim e questões protocolares

A viagem de familiares e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, onde planejavam comparecer à posse do presidente Donald Trump na última segunda-feira, 20, não teve o sucesso planejado. Entraves oficiais, decisões da Justiça, mau tempo e até um acidente durante o voo frustraram os planos dos bolsonaristas, que acabaram não participando nem da cerimônia de posse, nem do comício inaugural do republicano.
Os contratempos começaram quando o próprio Jair Bolsonaro foi proibido pela Justiça brasileira de ir à posse, à qual supostamente foi convidado pelo próprio Trump. Indiciado pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado e outros crimes, o ex-mandatário brasileiro teve o pedido de reaver seu passaporte negado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que viu “risco de evasão” e vetou a viagem.
Em seu lugar, o ex-presidente enviou como representantes a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Contudo, a esposa e o filho Zero Três do ex-mandatário não puderam participar da cerimônia oficial de posse no Capitólio, sede do Congresso dos EUA, já que, em razão da limitação de espaço, o convite era exclusivo ao ex-chefe de Estado — no final, o parlamentar e a ex-primeira-dama viram Trump tomar posse através de um telão na Capital One Arena, ginásio poliesportivo e palco de eventos a cerca de dois quilômetros do Capitólio.
‘Intensa neve’ e esquema de segurança impediram participação, afirma Eduardo
Antes de tomar posse na segunda-feira, Donald Trump realizou um comício na noite de domingo na Capital One, do qual os bolsonaristas também pretendiam participar — plano que, assim como a ida à cerimônia oficial, não se concretizou. Em publicação no X, Eduardo Bolsonaro afirma que as medidas de segurança e a forte neve que caía em Washington foram responsáveis pela ausência.
“Estive no Capital One Arena sob intensa neve para acompanhar um comício de Trump. Havia um extenso cordão de isolamento nos locais centrais, permitindo acesso apenas a pé. Essas medidas de segurança tornavam inviável deslocar-se entre a Arena e o hotel, e depois comparecer ao Starlight Ball”, publicou o deputado.
Realizado na noite de segunda, o baile Starlight Ball teve a presença de Michelle Bolsonaro, Eduardo e sua esposa, Heloísa. Donald Trump e Melania Trump foram ao baile. Ao longo da noite, os familiares realizaram uma ligação por vídeo com Jair Bolsonaro, para que pudesse “assistir” a parte da festa — em imagem compartilhada por Eduardo, o ex-presidente aparece emocionado durante a chamada.

Zambelli sofre acidente no avião; deputado toma ‘chá de cadeira’ na fila
Além de Eduardo e Michelle, a comitiva de bolsonaristas que viajaram a Washington tinha cerca de trinta parlamentares aliados de Bolsonaro. A lista inclui o senador Jorge Seif (PL-SC), o ex-ministro do Turismo Gilson Machado e os deputados federais Carla Zambelli (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF), Silvia Waiãpi (PL-AP), Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Maurício Marcon (Podemos-RS).
Segundo Zambelli, sua participação nos eventos foi impossibilitada devido a um acidente sofrido durante o voo para os EUA. Em publicação no X, a parlamentar compartilhou uma foto exibindo o nariz machucado, relatando que tentou coletar um absorvente no banheiro do aeronave quando um painel caiu em seu rosto. “Como tudo o que acontece de ruim na minha vida, sempre dou graças a Deus, tive a oportunidade de assistir um show do Lionel Richie com meu esposo em Las Vegas”, declarou Zambelli.
Antes que vaze uma história errada, conto aqui para os amigos e jornalistas um incidente nos EUA. Os inimigos vão adorar, que Deus os abençoe.
Acabei não participando dos eventos de hoje em Washington, porque tive um acidente na @AmericanAir @AmericanAirBR – fui tentar pegar… pic.twitter.com/NUZWOcHjP1
— Carla Zambelli (@Zambelli2210) January 19, 2025
Maurício Marcon, por sua vez, relatou que passou cinco horas na fila para comparecer ao comício de Trump no domingo, mas não conseguiu entrar devido à grande quantidade de pessoas. No dia seguinte, também tentou participar do evento na Capital One após a posse oficial mas, novamente, não teve êxito.