O que Lula não conta sobre o recorde de universitários em seu governo
Ex-presidente infla números de estudantes que tiveram acesso ao ensino superior em seus governos, mas pouco fala dos problemas
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem como principal estratégia para conseguir um terceiro mandato no Palácio do Planalto enumerar o que considera feitos dos seus dois primeiros governos. Nos últimos dias, um desses feitos que ele tem propagandeado é o aumento expressivo do número de alunos nas faculdades durante as suas gestões.
Nada contra um governante falar de seus feitos, mas há dois problemas nas falas de Lula. O primeiro é que ele exagera o número de alunos. Em entrevista ao Jornal Nacional, ele afirmou que o total de estudantes nas universidades saltou de 3,5 milhões para 8 milhões. Na verdade, segundo o Censo da Educação Superior, o número era de 6,3 milhões em 2010, ao final do seu segundo mandato – um salto expressivo, mas menor que o alardeado pelo ex-presidente.
Outro problema é que ele ignora a bomba-relógio que virou um dos principais programas de seu governo, o Fies, um fundo de financiamento estudantil que foi criado por FHC, mas que deu um salto no governo do petista e virou uma de suas principais bandeiras. Nada menos que 1,2 milhão de estudantes estão inadimplentes. Tanto que o governo atual lançou um programa de renegociação de dívidas, que teve início na quinta-feira, 1º, que irá conceder até 99% de desconto nas dívidas. O valor anistiado pode chegar a 38 bilhões de reais.
Quando fala do problema, Lula promete um perdão ainda maior: ele fala simplesmente em extinguir todas as dívidas. “Qual é o incômodo pro governo anistiar a dívida de jovens que não conseguiram pagar a universidade, se todo ano fazíamos Refis para anistiar os empresários que não pagavam seus impostos e a gente os perdoava?”, disse Lula em uma de suas entrevistas.
Mesmo com toda a expansão nos anos Lula, no entanto, o país não conseguiu em seu governo atingir a meta estabelecida no Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2001. Segundo reportagem do UOL, o documento previa a oferta do ensino superior a pelo menos 30% dos jovens de 18 a 24 anos até 2010, mas a taxa não chegou a 15%.