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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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‘O Novo não existe mais’, diz João Amoêdo ao anunciar saída do partido

Empresário acusa atual quadro da legenda de atacar poderes e de estimular ações contra democracia; sigla diz que declarações são 'graves e infundadas'

Por Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 nov 2022, 21h33 - Publicado em 25 nov 2022, 19h16

O empresário e ex-presidenciável João Amoêdo anunciou nesta sexta-feira, 25, sua desfiliação do Partido Novo — sigla da qual foi o principal fundador, em 2011.

A decisão é o capítulo final de uma sucessão de discordâncias de Amoêdo com a crescente ala “bolsonarista” da legenda. A pá de cal, dizem interlocutores, foi o apoio de parlamentares da bancada do Novo na Câmara à chamada “CPI do Abuso de Autoridade”, liderada pelo agora ex-correligionário Marcel van Hattem (RS).

“Hoje, com muito pesar, me desfilio do partido que fundei, financiei e para o qual trabalhei desde 2010 (…). Infelizmente, o NOVO, fundado em 2011 e pelo qual trabalhamos por mais de 10 anos, não existe mais. Ao longo dos últimos 33 meses, sob a atual gestão, o NOVO foi sendo desfigurado e se distanciou da sua concepção original de ser uma instituição inovadora (…), que representava a esperança de algo diferente na política”, diz trecho do comunicado divulgado nas redes sociais (leia a íntegra ao final do texto).

Na carta, Amoêdo cita o encolhimento expressivo de mandatários eleitos nas eleições deste ano e a perda de milhares de filiados, e acusa o partido de descumprir o próprio estatuto, fazendo coligações “apenas por interesses eleitorais” e atacando as instituições da República. Finaliza declarando que sua saída da legenda “em nada muda” sua vontade de ajudar o Brasil e promete continuar trabalhando em prol da “vida dos brasileiros”.

Em nota, a assessoria de imprensa do Novo afirma respeitar a trajetória do ex-dirigente, bem como sua participação na história da sigla, mas diz que “lamenta profundamente tais declarações graves e infundadas”. “Infelizmente, por atitudes e palavras como essas, ele se afastou cada vez mais dos princípios, das ideias e das pessoas do partido. O Novo é um partido político democrático e sem dono”, diz o comunicado da legenda.

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Deflagrada em 2020, a crise de Amoêdo com o Novo teve início após a sua saída da presidência da sigla e foi acirrada ao longo da pandemia por crescentes divergências com a ala bolsonarista da legenda, sobretudo no que classificou como atitudes antidemocráticas de Bolsonaro.

Nas eleições deste ano, a sigla determinou sua imediata suspensão após Amoêdo ter declarado apoio a Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno. O partido não divulgou o motivo da suspensão.

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Leia a íntegra do comunicado de João Amoêdo:

“Hoje, com muito pesar, me desfilio do partido que fundei, financiei e para o qual trabalhei desde 2010. Deixo um agradecimento especial a todos que fizeram parte desse time que com dedicação, humildade e determinação transformaram em realidade o que parecia ser impossível. 

Infelizmente, o NOVO, fundado em 2011 e pelo qual trabalhamos por mais de 10 anos, não existe mais.

Ao longo dos últimos 33 meses, sob a atual gestão, o NOVO foi sendo desfigurado e se distanciou da sua concepção original de ser uma instituição inovadora que, com visão de longo prazo, sem culto a salvadores da pátria, representava a esperança de algo diferente na política.

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O NOVO atual descumpre o próprio estatuto, aparelha a sua Comissão de Ética para calar filiados, faz coligações apenas por interesses eleitorais, idolatra mandatários, não reconhece os erros, ataca os Poderes constituídos da República e estimula ações contra a democracia,

O partido, mesmo com o péssimo desempenho eleitoral, com a perda de milhares de filiados, a saída de inúmeros dirigentes, não esboça qualquer sinal de retomar o caminho original. Ao contrário, a direção da instituição prefere ignorar as evidências, busca silenciar as vozes divergentes, transfere responsabilidades e segue prometendo que ‘agora será diferente’.

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Esse NOVO, definitivamente, não me representa. Neste cenário, seria incoerente permanecer em um partido com o qual tenho diferenças de visão, de propósito e de conduta.

A minha saída do NOVO em nada muda a vontade de ajudar o Brasil. Espero levar os aprendizados desse projeto e, junto com aqueles que conheci e que compartilham dos mesmos valores, trabalhar pelo que sempre foi meu objetivo: contribuir para melhorar a vida dos brasileiros”.

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