Maquiavel

Por José Benedito da Silva

A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho, Heitor Mazzoco e Pedro Jordão. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Brasil

O estado de espírito de Bolsonaro às vésperas da denúncia

'Preocupação zero', disse o ex-presidente ao visitar Congresso para fazer lobby pela aprovação da lei de anistia

Por Isabella Alonso Panho SEGUIR SEGUINDO 18 fev 2025, 16h42

Cerco em torno do ex-presidente fica cada vez mais fechado e investigações já atingiram seu núcleo mais próximo — O ex-presidente Jair Bolsonaro está na iminência de ser denunciado criminalmente pela PGR (Andre Borges/EFE)

O ex-presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira, 18, que tem “zero” preocupações com uma provável denúncia criminal, direcionada ao Supremo Tribunal Federal (STF), pela suposta tentativa de dar um golpe de estado para permanecer no poder após ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. “Olha para a minha cara. O que tu acha? Eu não tenho nenhuma preocupação com as acusações. Zero”, disse ao ser questionado sobre o assunto por jornalistas.

Durante uma visita que fez ao Senado Federal, o ex-presidente também afirmou que, pelo menos na Câmara, já teria a quantidade de votos necessária para aprovar um projeto de lei de anistia. O lobby feito por Bolsonaro pela aprovação da lei que pode beneficiá-lo ocorre às vésperas da denúncia que deve ser oferecida contra ele pela Procuradoria-Geral da República.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, tem em suas mãos três inquéritos em que Bolsonaro e seus aliados foram indiciados — o da tentativa de golpe de estado, o das joias sauditas e o da fraude aos cartões de vacinação. A expectativa nos bastidores de Brasília é que a denúncia pela tentativa de atentar contra o estado democrático de direito seja apresentada ainda em fevereiro, o que teria sido até avisado por Gonet aos ministros do STF.

Enquanto isso, parlamentares bolsonaristas têm se articulado para tentar pautar um projeto de lei que anistie os radicais condenados por invadir e depredar as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. “O que eu sinto conversando com parlamentares, como os do PSD, a maioria votaria favorável. Eu acho que na Câmara já tem quórum para aprovar a anistia”, disse Bolsonaro nesta terça.

No início do mês, ele comemorou os acenos feitos pelo novo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que já disse que o 8 de janeiro não foi uam tentativa de golpe e que sinalizou que o assunto pode entrar na agenda de votações da Câmara.

Além de perdoar os condenados, o projeto de lei da anistia tem também o objetivo de colocar Bolsonaro oficialmente de volta na disputa eleitoral, revertendo suas duas condenações que resultaram na inelegibilidade.