Escolha do vice pode ser um erro fatal para Bolsonaro
Anúncio de Braga Netto como companheiro de chapa do presidente colocou fim à articulação que tinha o objetivo de substituir o militar por uma mulher
O presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou que terá o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto (PL) como vice na chapa que concorrerá à reeleição nas eleições deste ano. A decisão pôs fim à especulação de que Bolsonaro iria trás de uma mulher para a posição — Teresa Cristina era a mais cotada –, como forma de diminuir sua resistência entre o eleitorado feminino.
Como estratégia para recuperar terreno nessa área, a escolha de Braga Netto foi um erro que pode ser fatal para a candidatura. Como mostrou a pesquisa divulgada hoje, 27 de junho, pela FSB, encomendada pelo BTG Pactual, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem quase o dobro de intenções de votos entre as mulheres. A distância entre Bolsonaro e o petista aumentou cinco pontos nas últimas duas semanas, chegando perto do recorde histórico de maio.
Segundo levantamento mais recente, Lula tem 50% entre o eleitorado feminino, contra 26% do atual presidente. Em 13 de junho, a disputa estava 46% a 27%. O recorde da série, registrado em maio, é de 51% a 26% para o petista. Neste dado segmentado, a margem de erro é de 3,1 pontos percentuais para mais ou para menos.
Os números de maio já representaram um aumento dentro da série histórica. A diferença era de 21 pontos percentuais em março (44% a 23%) e foi para 23 pontos em abril (47% a 24%) antes de chegar ao recorde de maio. A primeira pesquisa de junho foi exceção, mas a volta dos números ao patamar anterior apontado na mais recente mostra que Bolsonaro terá uma missão dura se quiser crescer entre o público que representa 53% do eleitorado brasileiro — ainda mais sem um protagonismo feminino em sua chapa.