Nos EUA, governadores apoiam reforma tributária; prefeitos pedem cautela
Em evento com empresários e investidores, estados se mostram favoráveis à simplificação nos impostos; prefeito paulistano teme impacto sobre cidades

NOVA YORK — A reforma tributária, que pode ser votada até o meio do ano na Câmara dos Deputados, recebeu apoio de governadores durante o LIDE Brazil Investment Forum, nesta terça-feira, 9, em Nova York. A relação dos estados com a reforma sempre foi turbulenta, sobretudo por temores de perdas de arrecadação com ICMS, principal fonte de recursos dos gestores estaduais.
Em suas falas, Renato Casagrande (PSB-ES), Mauro Mendes (União-MT), Romeu Zema (Novo-MG) e Eduardo Leite (PSDB-RS) se disseram favoráveis a mudanças no sistema tributário.
“Nas últimas décadas o Brasil só tem perdido relevância no cenário internacional”, disse Zema, comparando as práticas adotadas no país a ferramentas arcaicas. O mineiro disse ser necessário simplificar a cobrança de impostos no país.
Eduardo Leite lembrou que ele aprovou mudanças intrincadas em seu primeiro mandato, como a administrativa, e também defendeu a necessidade de reformas mais amplas no país. Ele classificou a reforma tributária como “fundamental”.
“A reforma tributária é fundamental para que a energia do empreendedor esteja em empreender, e não classificar produtos em centenas e milhares de classificações, sempre sob risco de ser autuado”, disse o tucano. “Quando falamos sobre reformas, falamos de dar condições aos governos para que possam cobrar menos da sociedade e fazer investimentos”, afirmou. “Quem não cuida das contas não cuida das pessoas”, concluiu Leite.
O governador mato-grossense afirmou ser necessária uma reforma “verdadeira”, que não seja um “arremedo” ou “apenas o possível” politicamente. “Espero que o Congresso Nacional possa fazer o que é necessário para mudar essa trajetória no nosso país” , declarou Mauro Mendes.
Renato Casagrande lembrou a necessidade de o governo do presidente Lula melhorar a articulação politica para aprovação de reformas no Congresso. “O desafio do presidente é ele mesmo quem tem que coordenar. A presença dele dá estabilidade a essas relações”, disse o governador capixaba, diante das declarações recentes do presidente de que vai se empenhar mais no diálogo com o Legislativo.
Prefeitos
Em suas participações, os prefeitos de São Paulo, Ricardo Nunes, e Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), também declararam ser necessária uma reforma, mas demonstraram preocupação com mudanças que tirem recursos dos municípios, em tributos como o ISS.
“Se for uma reforma para tirar dinheiro dos municípios, temos que ter compreensão de que não é possível fazer. Peço encarecidamente que precisamos de uma reforma que não vai deixar os municípios com o pires na mão”, ponderou Nunes. “É óbvio que há um consenso da necessidade de simplificar o sistema tributário, mas há questões que temos que chamar atenção”, afirmou Paes.
Evento
Organizado pelo LIDE, empresa do ex-governador de São Paulo João Doria, o Brazil Investment Forum inclui dois painéis nesta terça no Harvard Club, em Nova York. O primeiro deles incluiu também os governadores Ratinho Junior (PSD-PR), Helder Barbalho (MDB-PA), Wilson Lima (União-PR) e Cláudio Castro (PL-RJ).
A segunda parte do fórum terá um debate com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o ex-presidente Michel Temer (MDB), os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Daniella Ribeiro (PSD-PB) e o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), além do presidente da Febraban, Isaac Sidney, o presidente do Bank of América, Alexandre Bettamio, e o presidente do conselho do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco.