Na capital do agro, prédio de luxo tem elevador para carrão; veja vídeo
Condomínio residencial de alto padrão de Goiânia é o único no país que permite aos moradores estacionarem literalmente dentro de casa
Na capital com o metro quadrado que mais se valoriza no país, o mercado imobiliário de alto padrão cresce com a oferta de luxos personalizados aos clientes. Em Goiânia, o preço médio dos imóveis residenciais teve um aumento de 18,2% de 2022 para 2023, segundo a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás. O setor já negocia apartamentos para a elite a 13.697 reais o metro quadrado e oferece até mesmo elevador exclusivo para carros, privilégio dos moradores do Victorian Living Desire, único prédio residencial do país que permite aos proprietários subir com seu veículo e estacionar dentro do apartamento.
É o que faz diariamente o empresário do agronegócio Edwaldo Stival, dono de um andar no edifício Victorian Living Desire, erguido em área nobre da capital de Goiás. Ele diz ter escolhido o imóvel, que tem 404 metros quadrados, pela comodidade dos itens ofertados, entre eles o elevador exclusivo para carros. “Facilita muito quando trazemos compras. É um diferencial”, diz Stival, que consegue ver sua BMW 745L da sala. O veículo fica estacionado na garagem interna do imóvel, bem na frente da cozinha.
Diretor da GPL incorporadora, responsável pelo empreendimento, Ricardo Reis conta que foi preciso “quebrar paradigmas” para concretizar o projeto, o único a permitir que o proprietário suba com o carro dentro do elevador. Ele explica que o acesso é feito por biometria – desse modo não é possível estacionar em outro andar – e que o equipamento tem barras de proteção internas, sensores nas portas, intercomunicador e exaustor. A única coisa que o projeto não prevê é área de manobra. “É preciso escolher a posição do carro ainda no subsolo.” Para ter o carro estacionado de frente deve-se, portanto, entrar de ré no elevador. Entregue em 2017, o prédio tem entre seus proprietários o cantor sertanejo Gusttavo Lima. Hoje, cada uma das 31 unidades não sai por menos de 7 milhões de reais.
Reis afirma que o bom desempenho do agronegócio puxa o crescimento imobiliário de Goiânia, mas outros fatores também têm colaborado para o sucesso. “Goiânia teve um alto crescimento populacional na última década, o que impulsionou também o setor de serviços, hoje muito forte na cidade. O resultado é que o mercado cresceu em todos os sentidos: preço, tamanho, valorização”, diz. Na última década, o valor geral de vendas (VGV) dos empreendimentos em Goiânia saltou 130%. Passou de R$ 2,6 bilhões, em 2014, para quase R$ 6 bilhões, em 2023, alcançado o posto de terceiro maior mercado nacional, atrás apenas de São Paulo e Rio.
Piscina privativa e arquitetura de grife
Com a concorrência cada vez mais acirrada entre as construtoras, os projetos passaram a oferecer luxos sob medida e assinaturas de arquitetos renomados do Brasil e do exterior. O Epic City Home, por exemplo, que tem o apartamento mais caro da cidade – a cobertura, de 1360 metros quadrados vendida por quase 13 milhões de reais -, leva a marca de Arthur Casas e o City 23 by Pininfarina, outro empreendimento simbólico da cidade, é do escritório de design da Ferrari. Ambos têm piscinas privativas, quatro a seis vagas de garagem, irrigação automatizada das floreiras, pé direito de até 3 metros e elevadores com velocidades especiais.
O desenvolvimento em ritmo acelerado é observado também no segmento de condomínios fechados, onde o valor das mansões passa de 30 milhões de reais – preço pedido, por exemplo, por um imóvel de 2 600 metros quadrados de área construída em estilo americano e com onze suítes do Portal do Sol Golfe. O condomínio, que fica a menos de 15 minutos dos bairros nobres da cidade, tem um campo oficial de golfe e é endereço de artistas como Simaria e Mateus, da dupla Jorge & Mateus.
A evolução econômica local está diretamente ligada ao agro. Em 2023, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a agropecuária brasileira cresceu 15,1%, movimentando 677,6 bilhões de reais e puxando para cima o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que aumentou 2,9% em relação a 2022. A alta recorde do setor – o número é o maior da série histórica, iniciada em 1995 – tem impacto direto nos estados produtores, como Goiás, onde a expansão do PIB foi de 4,4%, bem acima da taxa nacional.